Andrew Harbert      Trudy Todd no Rip Curl Pro Malibu.

Prestes a completar 31 anos de idade, no próximo dia 11 de novembro, Trudy Todd já havia anunciado sua despedida nesta 13ª temporada que compete no circuito mundial e vai aposentar com o gostinho especial da vitória que não sentia desde 1999, quando foi campeã da Tríplice Coroa Havaiana. Ela ganhou o Rip Curl Malibu Pro em ondas clássicas de 1,5 metro de altura neste sábado na Califórnia, batendo na grande final a também australiana Samantha Cornish, 6 anos mais nova.

As duas barraram as líderes do ranking no penúltimo desafio antes das duas etapas que vão decidir a campeã mundial do WCT 2005 no Havaí. Todas ficaram felizes pelo título de Trudy Todd, que enfrentou duas batalhas contra o câncer nos 6 últimos anos e continuou competindo. A vice-campeã ainda comemorou sua entrada no grupo das dez surfistas que garantem suas permanências na elite e só quatro vão decidir o título mundial no Havaí. A penúltima das nove etapas da temporada será em Haleiwa Beach, de 12 a 24 de novembro.

As brasileiras Jacqueline Silva e Tita Tavares perderam logo em suas primeiras apresentações nas oitavas-de-final e Samantha Cornish pintou como grande favorita depois de duas vitórias espetaculares para chegar na grande final. Contra a número 1 do ranking e atual campeã mundial Sofia Mulanovich nas quartas-de-final, despachou a peruana por 16,00 x 15,35 pontos. Depois, derrubou a defensora do título do Rip Curl Malibu Pro, Megan Abubo, com um largo placar de 15,75 x 9,00 pontos sobre a havaiana.

A TRAJETÓRIA DA CAMPEÃ - A veterana Trudy Todd não conseguiu igualar essas somas em nenhuma das suas quatro apresentações vencedoras no último dia de disputas na lendária praia de Malibu, um dos berços do surfe na costa californiana. Em seu primeiro desafio no sábado, derrotou a catarinense Jacqueline Silva por 14,00 x 11,65 pontos e depois superou três australianas para quebrar o longo jejum de 6 anos sem vitórias no WCT.

A primeira vítima foi a vice-líder do ranking Chelsea Georgeson, eliminada por 12,75 x 10,75 pontos. A segunda foi Melanie Redman-carr, na semifinal vencida por 14,25 x 12,60. E a última foi Samantha Cornish, quando registrou sua maior pontuação para faturar o troféu de campeã do Rip Curl Malibu Pro por 15,00 x 13,50 pontos.

"Eu disse para as meninas que queria sair do circuito com pelo menos uma vitória e estou muito feliz por ter conseguido", confessou Trudy Todd, contente em quebrar um longo tabu. "Minha última vitória tinha sido em Maui, no Havaí, em 1999. Depois, quebrei minhas costas em 2000 e tive câncer duas vezes nos últimos seis anos, mas vou aposentar com boa saúde. Pretendo me casar, cuidar das crianças e ter uma nova vida fora do circuito", contou Trudy, que entrou na zona de classificação para o WCT com a vitória na Califórnia, subindo da 13.a para a sétima posição no ranking das sete etapas disputadas.

AS BRASILEIRAS - Mesmo assim, deve cumprir a promessa da aposentadoria neste ano. Ao contrário, Jacqueline Silva buscava um bom resultado para melhorar sua colocação e ao ser barrada nas oitavas-de-final até saiu do grupo das dez que permanecem pelo ranking principal. No momento, a catarinense passa a usar sua vaga garantida no WQS para se manter no WCT e tudo indica que Silvana Lima seja mesmo a única outra representante do Brasil na elite do surfe mundial no ano que vem.

A também cearense Tita Tavares nada pôde fazer contra uma inspirada Layne Beachley e continuou em 16º lugar no ranking. A australiana pegou ótimas ondas e totalizou imbatíveis 17,50 pontos no sábado, contra apenas 7,75 da brasileira. Na sexta-feira, a hexacampeã mundial já tinha colocado seu nome no topo da lista de recordes do Rip Curl Malibu Pro ao tirar uma nota 9,8 e somar 18,30 pontos de 20 possíveis. Entretanto, acabou caindo numa hora ruim do mar quando entrou para enfrentar a igualmente experiente Melanie Redman-carr nas quartas-de-final, quando foi derrotada por 14,75 x 7,50 pontos.

O TÍTULO MUNDIAL - Agora, as chances de conquistar seu sétimo título mundial passaram a ser bem remotas. Ela vai ter que vencer as duas últimas etapas no Havaí e Sofia Mulanovich e Chelsea Georgeson não podem chegar nas quartas-de-final em nenhuma. Essa é a mesma única condição para a havaiana Megan Abubo impedir o bicampeonato de Sofia Mulanovich, cuja principal adversária continua sendo Chelsea Georgeson. A australiana leva a decisão para a última etapa se atingir as semifinais em Haleiwa, mesmo com vitória da peruana.

RANKING WCT 2005 - 7 etapas

01: Sofia Mulanovich (PERU) - 5.820 pontos
02: Chelsea Georgeson (AUS) - 5.592
03: Megan Abubo (HAV) - 4.320
04: Layne Beachley (AUS) - 4.308
05: Rochelle Ballard (HAV) - 3.924
06: Melanie Redman-carr (AUS) - 3.912
07: Trudy Todd (AUS) - 3.756
08: Samantha Cornish (AUS) - 3.708
09: Keala Kennelly (HAV) - 3.696
10: Rebecca Woods (AUS) - 3.312
11: Jacqueline Silva (BRA) - 3.096
12: Serena Brooke (AUS) - 2.952
13: Claire Bevilacqua (AUS) - 2.929
14: Laurina McGrath (AUS) - 2.736
15: Heather Clark (AFR) - 2.352
16: Tita Tavares (BRA) - 1.812
17: Melanie Bartels (HAV) -1.800
18: Pauline Menczer (AUS) - 540

RESULTADO DA FINAL:

Trudy Todd (AUS) 15.00 x 13.50 Samantha Cornish (AUS)

SEMIFINAIS:

1: Samantha Cornish (AUS) 15.75 x 9.00 Megan Abubo (HAV)
2: Trudy Todd (AUS) 14.25 x 12.60 Melanie Redman-carr (AUS)

QUARTAS-DE-FINAL:

1: Megan Abubo (HAW) 12.50 x 9.50 Keala Kennelly (HAV)
2: Samantha Cornish (AUS) 16.00 x 13.35 Sofia Mulanovich (PER)
3: Trudy Todd (AUS) 12.75 x 10.75 Chelsea Georgeson (AUS)
4: Melanie Redman-carr (AUS) 14.75 x 7.50 Layne Beachley (AUS)

OITAVAS-DE-FINAL:

1: Megan Abubo (HAV) 13.25 x 10.00 Heather Clark (AFR)
2: Keala Kennelly (HAV) 13.25 x 9.50 Serena Brooke (AUS)
3: Samantha Cornish (AUS) 14.50 x 12.75 Rebecca Woods (AUS)
4: Sofia Mulanovich (PER) 15.00 x 14.75 Stephanie Gilmore (AUS)
5: Chelsea Georgeson (AUS) 15.25 x 9.25 Melanie Bartels (HAV)
6: Trudy Todd (AUS) 14.00 x 11.65 Jacqueline Silva (BRA)
7: Melanie Redman-carr (AUS) 12.50 x 5.50 Claire Bevilacqua (AUS)
8: Layne Beachley (AUS) 17.50 x 7.75 Tita Tavares (BRA)