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COLUNISTA
Nenê Velloso
12/10/2005 - 15h53
Vale a pena transcrever
 
 


Litoral Norte? Onde?
Alessandra Alvarenga

Admira-me que muitas pessoas, além destas ainda elegantes e verde serras, consigam ver e definir a atual situação de nosso ex-lindo Litoral Norte. E quem realmente tem a obrigação de ver simplesmente faz-se de cego, pois o que interessa é somente o dinheiro. Quem foi a São Sebastião? Fui até lá para saber o que são caraguatás, fui até lá também e vi que eram lindos. Ilhabela? Deve ser mesmo linda para ter sido batizada com esse nome; fui até lá e não me decepcionei. O que podem ser "tubas"? Descobri e me apaixonei.

Quando aqui cheguei, há vinte e um anos atrás, fiquei maravilhada, já tinha estado aqui antes com meus pais, eu era ainda muito criança, mas, nada como ver e entender por si própria tanta beleza. Mal podia acreditar naquilo que meus olhos fitavam, tudo era muito bonito e cheiroso, o mar parecia um grande espelho prata com luz do sol batendo em cima das águas, o mangue era cheio de graça com seus caranguejos a bailar, garras fortes jogada pra cima, como se a Deus estivessem a louvar.

Lembro-me ainda das artimanhas de minha infância, a fartura de peixinhos em meu anzol e o cavalo marinho, se excepcional, não havíamos sido apresentados, mas no momento em que o vi em minhas delicadas e pequenas mãos, entendi que o mar era o seu lugar. Nunca mais vou me esquecer daquela cena. Meus Deus, como eu era feliz! Tanta dificuldade financeira e a separação de meus pais, nem eram lembradas. Pensei em ter chegado ao Paraíso!

Parece até que estou falando de um Litoral Norte de 500 anos atrás, mas não, a bem da verdade não é tanto tempo assim. Como mudou tão rápido? Simples, uma invasão desgovernada, uma locomotiva humana disparada em rumo ao chamado "Poder", nosso ex-lindo Litoral Norte está a pedir socorro, se afogando em suas lágrimas, mas como poder ajudar? Nossos caiçaras, os pescadores, isso aqueles mesmos, dos quais ouvi tantas estórias de peixes descomunais, lutas homéricas com o mar, a sua essência já não tem o mesmo valor, suas estórias... se foram com o vento que aqui passou...

Aquele índio que chorava em cima de uma gruta por ter perdido a amada, nas entranhas de uma cobra gigantesca (eu sentia arrepios ao ouvir tal estória), o padre corajoso expulsou daqui tão tenebroso ser, deles nunca mais se falou... O cheiro, ah! Aquele cheiro de mata, o cheirinho de mar, agora são confundidos com um horroroso cheiro de óleo (a fritar talvez os últimos camarões de nossa costa marítima), fumaça de churrasco em plena praia, e do esgoto vergonhosamente despejado em nossos rios. Dia desses, vi alguém subindo a serra, talvez minha visão estivesse turva, mas tenho quase certeza de que até o Cunhambebe foi-se embora! Se até ele desanimou, quem dirá dos outros chefes que na antiguidade nesse litoral já reinaram?

Foi com eles uma parcela da felicidade! Tenho medo de que um dia, eu, narrando para meus filhos a história de como atraquei aqui, e eles pensarem que estou a ditar trechos de Machado de Assis ou, quem sabe, até um romance da querida Raquel de Queiros, esperando que Maria Moura tome estas terras e faça justiça!

Diante de todos os fatos desta terra acabarei como mentirosa! Não sobrará nada como evidência de que tudo o que eu dizia fosse realmente a verdade! Porque em poucos, pouquíssimos anos, tudo isso aqui se acabará! Talvez nunca mais eu consiga encontrar um outro lugar pelo qual eu me apaixone tanto como esse Litoral Norte, mas, estarei a procurar... Quem sabe encontre um lugar de gente de consciência e eu possa então por ali ficar!...

Quando desse mundo fizermos a "passagem", tudo o que iremos levar será o amor, sentimento verdadeiro, algo que foi vivido com emoção e sinceridade. Por esse motivo, meu amigo "governante", de que adianta tantas brigas, mentiras, tantas posses exibidas como um troféu se a única coisa que poderá levar deste mundo se esqueceu de cultivar?

Sei que de nada adianta apelar, pois se tivessem sentimentos estariam a zelar por terras que receberam um toque divino e anjos para decora-la de forma tão requintada. Considerem estas linhas como um desabafo e mais uma bela história pra se contar!

Nota do colunista: Esta matéria foi publicada no Painel do Leitor, do jornal "A Semana" em 27 de fevereiro de 2004. Autoria: Alessandra Alvarenga, Ubatuba, SP. Digitei, e assino solidariamente, porque esta É "Fera Ferida"! Publique-se para que não se perca, já dizia o historiador taubateano Dr Felix Guisard Filho. O pouco da história da fundação de Ubatuba que temos, devemos a ele. Sem o acervo dele, Seu Filhinho jamais teria concluído o livro "Ubatuba Documentário".


Nota do Editor: Francisco Velloso Neto, é nativo de Ubatuba. E, seus ancestrais datam desde a fundação da cidade. Publicado no Almanak da Provícia de São Paulo para o ano de 1873. Envie e-mail para thecaliforniakid61@hotmail.com.
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