Fábio Gouveia e Silvana Lima campeões brasileiros no SuperSurf. Os ubatubenses Odirlei Coutinho e Suelen Naraisa vencem a etapa final em casa.
Nilton Santos |  |
A cearense Silvana Lima garantiu o bicampeonato brasileiro consecutivo ao derrotar a niteroiense Juliana Guimarães nas semifinais e o paraibano Fábio Gouveia também faturou seu segundo título mesmo sem entrar na água no domingo decisivo do SuperSurf 2005 em Ubatuba (SP). Isso porque seus três únicos adversários acabaram barrados nas quartas-de-final nas ondas de 1,5 a 2,0 metros de altura do último dia de disputas na Praia de Itamambuca. O público que lotou as areias também vibrou bastante com as vitórias dos ubatubenses Odirlei Coutinho e Suelen Naraísa, que na grande final derrotaram o cearense Pablo Paulino e a recém-coroada bicampeã brasileira. Os vencedores levaram 22.000 reais e 6.000 reais de prêmio, respectivamente, enquanto os campeões brasileiros ganharam um Volkswagen Fox zero quilômetro cada um do Grupo Abril, que organiza a divisão principal do Circuito Brasileiro de Surfe Profissional desde a sua criação no ano 2000. Os dois títulos foram decididos em baterias seguidas. Primeiro, Pablo Paulino despachou o último concorrente de Fábio Gouveia, o baiano Flávio Costa, na última quarta-de-final. Na seqüência, Silvana Lima não deu chances a niteroiense Juliana Guimarães na primeira semifinal feminina na já superlotada Praia de Itamambuca. "Caramba, batalhei muito por isso e estou muito feliz de conseguir cumprir meu objetivo que era ser campeã brasileira de novo neste ano, porque no ano que vem vou estar mais concentrada no WCT", vibrou Silvana Lima, logo após sair do mar carregada pelo seu técnico Pedro Robalinho. "Eu adoro essa praia, deu altas ondas hoje para fechar com chave-de-ouro essa temporada e gostaria muito de continuar competindo no SuperSurf, mas parece que a ASP não vai deixar os atletas do WCT participarem", lamentou a cearense que já foi bicampeã brasileira da divisão de acesso e agora repete o feito no SuperSurf. Já o paraibano Fábio Gouveia comemorou sem entrar na água. "Cara, foi muito sofrido. Batalhei muito para poder competir aqui e depois que eu perdi minha bateria sem conseguir surfar direito, fiquei um pouco frustrado porque queria ter passado umas baterias. Aí fui pro hotel, não quis ficar na praia torcendo contra ninguém e hoje de manhã fiquei muito emocionado quando soube que tinha sido o campeão brasileiro, que era uma coisa que eu queria muito", contou Fabinho, que credita o sucesso do filme "Fábio Fabuloso" como uma nova virada na carreira. FÁBIO FABULOSO - "Eu até brincava com a galera, porque na época do lançamento do filme, eu estava cansado dos campeonatos, tinha saído do WCT e o filme acabou vindo para me ajudar, me dar um ânimo novo. Eu achava que tinha que fazer alguma coisa, porque o sucesso do filme estava me levando nas costas, aí as coisas começaram a acontecer. Venci uma etapa do Brasil Tour no ano passado aqui mesmo em Itamambuca, depois veio uma vitória no Guarujá e parece que começou tudo de novo. Agora, com 36 anos de idade, ser campeão brasileiro num evento de alto nível como o SuperSurf, com essa nova geração quebrando, é muito gratificante e isso me motiva ainda mais a continuar e buscar novos horizontes. Tive tantos problemas físicos neste ano e ainda ser campeão foi um prêmio inesquecível. O primeiro título, em 1998, foi superimportante para minha carreira e esse agora também, pois veio provar que ainda tenho condições de competir com essa molecada", falou Fabinho, que prometeu dar o Volkswagen Fox de presente para sua esposa, Elka, que tanto sofreu junto com ele nessas semanas de preparação para a grande final do SuperSurf 2005. FESTA DA TORCIDA - Também muito felizes ficaram os ubatubenses Odirlei Coutinho e Suelen Naraísa, que fizeram com que Itamambuca mais parecesse um estádio de futebol com a grande festa da torcida paulista que lotou a praia no domingo. "Pra mim foi um presente de Deus, porque eu nunca tinha vencido um campeonato aqui. No ano passado, eu acabei perdendo a chance de ser campeão brasileiro aqui, quando perdi para o Adilton Mariano na semifinal, mas hoje foi diferente e essa vitória vai ficar marcada na minha vida para sempre", vibrou Odirlei, que pela terceira vez terminou como vice-campeão brasileiro no SuperSurf, repetindo os feitos do ano passado e de 2001. Diferente de Odirlei, Suelen Naraísa mora na Praia de Itamambuca, onde sua mãe tem um comércio de alimentos. "Fiz só uma final nesse ano, mas fiquei em segundo em Saquarema, aqui em Ubatuba eu perdi de cara nos dois últimos anos, então estou superfeliz, ganhando aqui e fechando com chave-de-ouro o circuito com altas ondas no quintal de casa, era tudo o que eu queria", falou Suelen, que levou o prêmio de 6.000 reais e terminou em terceiro lugar no ranking final da temporada, atrás apenas da potiguar Alcione Silva e da bicampeã brasileira Silvana Lima. Na categoria masculina, Pablo Paulino deu o título brasileiro para Fábio Gouveia ao bater o baiano Flávio Costa na última quarta-de-final. Antes disso, o carioca Leonardo Neves, que tentava o tricampeonato brasileiro, já havia sido derrotado pelo ubatubense Odirlei Coutinho, com seu conterrâneo Marcelo Trekinho sendo eliminado por um dos grandes destaques do SuperSurf de Ubatuba, o catarinense Raphael Becker, também nas quartas-de-final. Nas semifinais, Odirlei passou por Becker, que dividiu o terceiro lugar no pódio com outra surpresa desta última etapa, o carioca Gustavo Fernandes, que perdeu a segunda bateria para o cearense Pablo Paulino. Com a classificação para a grande final, Pablo garantiu sua entrada na lista dos 36 surfistas que são mantidos na elite nacional do SuperSurf para 2006. PRIMEIRO PÓDIO - "Estou muito feliz. Ubatuba sempre me traz boas lembranças. Foi aqui que no ano passado eu garanti minha entrada no SuperSurf e agora consegui de novo aqui mesmo em Itamambuca. Deu altas ondas hoje e mesmo perdendo a final estou amarradão, pois esta é a primeira vez que eu subo no pódio do SuperSurf", destacou o atual campeão mundial Pro Junior da ASP, que acabou sacramentando o título brasileiro de Fábio Gouveia. "Ele é um ídolo para todos nós, surfa muito até hoje e a prova está aí. Na verdade, eu estava mais concentrado em garantir minha vaga no SuperSurf e não pensava em dar o título para ele, mas se aconteceu ótimo porque eu admiro muito ele", confessou. Além dele, o catarinense Raphael Becker e o carioca Gustavo Fernandes, que dividiram a terceira colocação em Ubatuba, nunca haviam subido no pódio do SuperSurf. "Estou amarradão. Nesse campeonato estava encaixando tudo direitinho, a prancha está boa, funcionou muito bem aqui nessas ondas, consegui melhorar o nível do meu surfe e pena que o ano está acabando", falou Raphael Becker, que subiu da 49ª para a 27ª posição no ranking final da temporada, ficando dentro do grupo que vai entrar já na segunda fase das etapas do ano que vem. O carioca Gustavo Fernandes também estava em 49º lugar e pulou para a 28ª colocação. Foi ele quem barrou Fábio Gouveia logo na estréia do paraibano na Praia de Itamambuca e também participou de uma das baterias mais espetaculares do SuperSurf de Ubatuba, a última do sábado, quando derrotou o gaúcho Rodrigo Dornelles com um incrível placar de 17,50 x 16,00 pontos. "Eu vim muito concentrado para este campeonato e sabia que aqui era a última chance de eu entrar na lista dos 36, então estou muito feliz por ter conseguido até terminar entre os top-30", falou Gustavo Fernandes. SUPERSURF EM 2006 - Foi mais uma temporada de grande sucesso, principalmente pela inédita transmissão ao vivo do Sportv. O SuperSurf já está confirmado com cinco etapas para o ano que vem. "Uma coisa já é certa, a grande final vai ser aqui em Ubatuba de novo, pois o campeonato inteiro foi show e esse público merece", garantiu Evandro Abreu, diretor de eventos da Unidade Jovem do Grupo Abril, que organiza a divisão principal do circuito brasileiro desde a sua criação no ano 2000. "Também já está quase certo que deveremos abrir a temporada em Garopaba (SC), a segunda deve mudar de Maresias para o Guarujá (SP), a etapa do Nordeste deverá ser em Itacaré (BA) e a outra vai acontecer no Rio de Janeiro, só não sabemos ainda em que praia", adiantou Evandro. O SUPERSURF 2005 foi organizado pela Editora Abril e ABRASP (Associação Brasileira de Surf Profissional), com patrocínio da Volkswagen, TIM e Sandálias Havaianas. Esta última etapa ainda contou com co-patrocínio da Onbongo, Gatorade e Jagermeister, além do apoio da Revista Fluir, Waves.Terra, Mix FM, Itamambuca Eco Resort, Prefeitura Municipal de Ubatuba, Associação Ubatuba de Surf e Secretaria da Juventude Esporte e Lazer da Coordenadoria da Juventude do Governo do Estado de São Paulo. Todos os resultados podem ser acessados no www.supersurf.com.br e www.abrasp.com.br. SUPERSURF 2005 - Final 5 etapas Top-16 do Ranking Brasileiro 01: Fábio Gouveia (PB) - 2.660 pontos 02: Odirlei Coutinho (SP) - 2.620 03: Flávio Costa (BA) - 2.450 04: Marcelo Trekinho (RJ) - 2.410 05: Leonardo Neves (RJ) - 2.370 06: Beto Fernandes (SP) - 2.370 07: Jano Belo (PB) - 2.320 08: Pedro Henrique (RJ) - 2.300 09: Wagner Pupo (SP) - 2.230 10: Crhistiano Spirro (BA) - 2.160 11: Daison Pereira (RS) - 2.110 12: Yuri Sodré (RJ) - 2.030 13: Jihad Kohdr (PR) - 2.030 14: Jojó de Olivença (BA) - 2.000 15: Renato Galvão (SP) - 1.910 16: Pedro Muller (RJ) - 1.910 Top-10 do Ranking Feminino 2005 01: Silvana Lima (CE) - 3.720 pontos 02: Alcione Silva (RN) - 3.340 03: Suelen Naraisa (SP) - 3.320 04: Juliana Guimarães (RJ) - 3.050 05: Andréa Lopes (RJ) - 2.580 06: Francisca Pereira (SP) - 2.570 07: Yries Pereira (ES) - 2.560 08: Taís de Almeida (RJ) - 2.450 09: Luana Prado (SP) - 2.220 10: Juliana Quint (SC) - 2.110
|