Ivan Storti      Pedro Henrique faturou o título do REEF CLASSIC 2005 para confirmar sua entrada na elite mundial do WCT na Praia de Maresias, em São Sebastião (SP).

O carioca Pedro Henrique, 23 anos, é o novo integrante da elite mundial do ASP World Championship Tour (WCT) e a vaga foi confirmada da melhor maneira possível, com uma vitória no REEF CLASSIC 2005 em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. O título foi conquistado nos últimos segundos da grande final na manhã deste domingo na Praia de Maresias. Assim como no ano passado, a virada foi sobre um surfista da África do Sul e desta vez Travis Logie foi quem teve que se contentar com o vice-campeonato. O paranaense Jihad Kohdr defendeu o título sobre Greg Emslie em Torres (RS) até a última bateria e terminou na terceira posição em Maresias, com o norte-americano Dean Randazzo ficando em quarto lugar na prova que inaugurou a "perna brasileira" de fim-de-ano do Circuito Mundial. Agora, todos rumam para Florianópolis, que vai sediar as outras duas etapas que até o dia 09 de novembro vão agitar o litoral catarinense, onde podem ser decididos os títulos mundiais do WQS e também do WCT antes mesmo do encerramento da temporada no Havaí.

O domingo decisivo do REEF CLASSIC 2005 foi mais um dia de ondas muito pequenas, com no máximo meio metro de altura e séries demoradas, mas o campeão Pedro Henrique já arrancou uma nota 9,17 logo na primeira onda das quartas-de-final, que foram iniciadas às 7 horas. A invencibilidade de Pedrinho em Maresias foi perdida na semifinal para o sul-africano Travis Logie, que tirou notas 9,00 e 8,27 para registrar a segunda maior pontuação de todo o campeonato: 17,27 pontos de 20 possíveis.

Mas, o troco veio nos últimos segundos da bateria decisiva. Logie tinha conseguido a maior nota da grande final - 8,17 - e Pedrinho precisava de 6,61 pontos para garantir mais uma virada fenomenal na história do REEF CLASSIC. Faltando 10 segundos para o término, o carioca achou uma direita abrindo uma boa parede e não desperdiçou a chance. Conseguiu aplicar várias batidas e os juízes deram nota 6,73 para confirmar sua vitória por décimos de diferença. Pedrinho ficou com o prêmio máximo de 10.000 dólares somando 13,23 pontos, contra 13,10 de Travis Logie, 12,07 do defensor do título, Jihad Kohdr, e 10,80 pontos do norte-americano Dean Randazzo.

"Estou amarradão. Em Portugal (onde também foi finalista e terminou em segundo lugar), eu estava na frente e no finalzinho eu dei mole, peguei uma onda errada e o Tiago (Pires, de Portugal) veio na boa e virou. Mas, acho que tudo tem a sua hora e hoje foi a minha vez de dar a virada", contou Pedro Henrique, que subiu da sétima para a quinta posição no WQS e, principalmente, ultrapassou a barreira dos 9.000 pontos, confirmando de vez o seu nome na elite mundial que vai disputar o WCT no ano que vem.

"Desde o resultado em Portugal, quando fiquei mais próximo da vaga para o WCT, já comecei a fazer um trabalho de preparação, treinando manobras mais inovadoras, condicionamento físico, tudo já visando o WCT. Sei que vai ser bem mais casca-grossa, mas quero chegar lá e fazer bonito. O Mineirinho (Adriano de Souza) também já está lá, é a nova geração chegando para representar o Brasil no WCT", destacou o primeiro brasileiro a ser campeão mundial Pro Junior da ASP, em 2000, título que também foi conquistado pelo paulista Adriano de Souza em 2003.

Ele ainda confessou que a maior dificuldade foi ter que disputar a primeira bateria do domingo decisivo do REEF CLASSIC 2005, às 7 horas na Praia de Maresias. "Eu sou um cara que pra começar a embalar, tenho que surfar uma hora antes, pois demoro um pouco para acordar. Então, 5:30 horas eu já estava de pé e às 6 horas fui surfar, fiquei treinando ali com meu técnico (Pedro Robalinho), deu para ver a valinha certa que estava melhor. E logo na minha primeira onda do dia já tirei um 9,17 e aí senti que alguma coisa boa estava reservada para mim. Só tenho que agradecer à Deus, porque sofri bastante para chegar aqui, disputei muitos campeonatos na roubada total e estou muito feliz de hoje ver meu sonho realizado, que era entrar no WCT", agradeceu Pedro Henrique, que desta vez não chorou no alto do pódio, fato que se repetiu em suas conquistas anteriores.

Os outros três finalistas não deixaram de elogiar o mais novo integrante do grupo dos melhores surfistas do mundo. "Foi duro ficar ali fora, na areia, aguardando a nota dele para saber se eu tinha vencido ou não, mas ele mereceu, surfou muito bem durante todo o campeonato e só tenho que lhe desejar grande sorte no próximo ano no WCT", desejou o vice-campeão Travis Logie, único surfista que conseguiu ingressar na lista dos 15 atletas que o WQS indica para o WCT com o resultado do REEF CLASSIC 2005. Ele subiu do vigésimo para o 14º lugar, mas já está garantindo sua permanência na elite mundial entre os 27 que são mantidos pela divisão principal, grupo que dispensa a vaga do WQS para o próximo do ranking.

O paranaense Jihad Kohdr precisava ficar entre os dois primeiros colocados na Praia de Maresias para poder entrar nessa lista já na primeira prova da "perna brasileira", mas terminou em terceiro lugar no REEF CLASSIC 2005 e subiu do 25º para o 21º lugar, adiando a tentativa para o 6 estrelas que será realizado a partir de terça-feira na Praia Mole de Florianópolis. "Tentei defender o título de qualquer forma, mas o Pedro Henrique está de parabéns e a vitória dele nos últimos segundos foi merecida para coroar sua entrada no WCT. Estou bem feliz por ele e eu continuo na briga. Vamos ver agora na Praia Mole. Se eu conseguir repetir uma final lá certamente também poderei me aproximar bastante de atingir esse objetivo", falou Jihad Kohdr.

O veterano Dean Randazzo foi outro que ficou muito feliz com o resultado. O norte-americano quase não compete no REEF CLASSIC 2005, pois chegou atrasado para a sua primeira bateria no campeonato. Só que o australiano Chris Davidson faltou, ele acabou ganhando uma nova chance de participar e foi avançando até a grande final. Chegou até a liderar a bateria por alguns minutos, mas ficou contente com o quarto lugar, pois só ocupava a 168ª posição no ranking e vai melhor bastante. "As ondas estavam pequenas, mas até que tinham boa formação. O único problema era a demora das séries, mas estou satisfeito com o resultado, não esperava ir tão longe nessas condições, então só tenho que ficar contente", falou Dean Randazzo.

O norte-americano faturou 2.400 dólares e 1.005 pontos pelo quarto lugar no evento que reuniu 155 surfistas de nove países em São Sebastião. O paranaense Jihad Kohdr levou 3.000 dólares e 1.095 pontos pela terceira colocação. O vice-campeão Travis Logie ganhou 5.000 dólares e marcou 1.290 pontos. Já o prêmio máximo de 10.000 dólares e os 1.500 pontos ficaram para o grande campeão e novo integrante da elite mundial do WCT, Pedro Henrique, carioca de 23 anos de idade que desde 1986 reside em Saquarema (RJ), de apenas 1,60 metro de altura, 58 Kg, que começou a surfar em 1988 e se profissionalizou em 2000, quando conquistou o título de campeão mundial Pro Junior da ASP no Havaí.

O REEF CLASSIC 2005 teve patrocínio exclusivo da REEF e apoio da Secretaria da Juventude Esporte e Lazer do Governo do Estado de São Paulo, deputado Turco Loco; da Prefeitura Municipal de São Sebastião; das lojas de surf Uluwatu, SunPeak, Overboard, Ilha do Mel, Jacob’s, Star Surf, Bleat, Central Surf, WQSurf, Star Point, Píer Point, High Point, KYW e J’Bay; além da Camera Press Comunicação Visual, THT Tecidos e SKY Gráfica. O evento foi realizado pela ASP South América, Federação Paulista de Surf (FPS) e Associação de Surf de São Sebastião (ASSS), com divulgação oficial da Revista Fluir, SPORTV, site Waves - http://waves.terra.com.br - e também foi transmitido pelo www.aspsouthamerica.com.br.

RANKING WQS 2005 - 35 etapas
EXTRA OFICIAL

01: Adriano de Souza (SP) - 13.128 pontos
02: Shaun Cansdell (AUS) - 10.265
03: Adrian Buchan (AUS) - 9.975
04: Bobby Martinez (EUA) - 9.716
05: Pedro Henrique (RJ) - 9.575
06: Mikael Picon (FRA) - 9.045
07: Yuri Sodré (RJ) - 8.815
08: Paulo Moura (PE) - 8.794
09: Roy Powers (HAV) - 8.662
10: David Weare (AFR) - 8.634
11: Glenn Hall (AUS) - 8.418
12: Greg Emslie (AFR) - 8.393
13: Luke Stedman (AUS) - 8.174
14: Travis Logie (AFR) - 8.172
15: Troy Brooks (AUS) - 8.130
16: Tim Reyes (EUA) - 8.024
17: Ben Bourgeois (EUA) - 7.950

18: Rodrigo Dornelles (RS) - 7.888
21: Jihad Kohdr (PR) - 7.771
24: Marcelo Trekinho (RJ) - 7.391
27: Dunga Neto (CE) - 7.257
29: Danilo Costa (RN) - 7.230
33: Odirlei Coutinho (SP) - 6.978
34: Marcondes Rocha (AL) - 6.926
35: Armando Daltro (BA) - 6.906
41: Marcelo Nunes (RN) - 6.684
43: Fábio Gouveia (PB) - 6.591
46: Leonardo Neves (RJ) - 6.562
47: Raoni Monteiro (RJ) - 6.552
55: Peterson Rosa (PR) - 6.280