Portadores de deficiência, em Ubatuba, são impedidos de exercer sua cidadania
| Ezequias B. da Silva |  | | | Além de não poder votar, Zé Colméia, Damiana e Laércio vão, debaixo de chuva, ao Cartório Eleitoral de Ubatuba, apresentar as justificativas. |
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Várias Pessoas Portadoras de Deficiência não puderam exercer sua cidadania, em Ubatuba, durante a votação do Referendo sobre a Proibição da Venda de Armas e Munições no Brasil devido à inadequação de várias seções eleitorais para atender estas pessoas. Na Escola Estadual Capitão Deolindo, no Centro, que tem um dos maiores colégios eleitorais do município, pelo menos três portadores de deficiência não exerceram seu direito de votar e receberam dos fiscais eleitorais guia para procurar o cartório eleitoral do município, com prazo a partir do dia seguinte à votação, para regularizar a situação eleitoral. Frustrados por terem ido até o local de votação e não poderem exercer a sua cidadania, José Caboclo da Silva Filho (Zé Colméia), Laércio Fogal Jr. e Damiana Bezerra da Silva reclamam providências para que tal situação não mais se repita. Laércio, que tem seqüelas de um derrame, se entristece ao comentar o fato: "quero chegar na seção eleitoral de forma digna e não carregado por duas pessoas. Penso que é meu direito exercer minha cidadania e não quero pensar que exercer o meu direito de votar seja um favor que me façam". Damiana Bezerra destaca que os portadores de deficiência deveriam poder votar em uma seção eleitoral que atendesse a todos, indistintamente: "não só cadeirantes e portadores de deficiência ambulatória, mas também os idosos, têm que ser lembrados e estes problemas devem ser equacionados o mais breve possível. Somos todos brasileiros e queremos exercer os nossos direitos". Na tarde da segunda-feira, 24 de outubro, os três estiveram presentes na Justiça Eleitoral para apresentar as guias, que lhe foram entregues nos locais de votação, para justificar a não votação. Nas guias, fornecidas pelos fiscais eleitorais, constam que os mesmos não votaram por motivos "outros", nas de Damiana e Laércio e por ser "deficiente físico", no caso de José Caboclo. Mostrando as guias emitidas pelos fiscais eleitorais, José Caboclo, que possui dificuldades de locomoção devido ao desgaste da cabeça do fêmur, revolta-se: "Não quero ser carregado para votar. Tenho direito à minha cidadania e à minha dignidade. Disseram que se eu quisesse me carregariam até o local de votação. Desrespeitaram os meus direitos como cidadão, afrontaram a minha dignidade. A Constituição federal garante os meus direitos e quero vê-los cumpridos".
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