Notas não são mais o fim de um processo
Preciso melhorar minha participação nas aulas de ciências; meu caderno está abandonado; consegui cumprir o que tinha prometido no último bimestre e entreguei todas as lições em dia; tenho conversado muito nas aulas de LP e atrapalhado até o meu colega; melhorei muito meu desempenho em geometria. Esses são trechos que integram a avaliação de alunos das escolas mais conectadas com a modernização da educação. Trata-se da auto-avaliação, hoje um dos instrumentos mais preciosos do cotidiano escolar, que já não abriga mais o estudante passivo e mero receptáculo de conteúdo do qual é obrigado a prestar contas periodicamente. Repensada, a avaliação ganhou status de aliada do aluno e a auto-avaliação é capítulo fundamental dessa evolução. Uma vez agente de seu conhecimento, o estudante precisa dela como uma ferramenta que vai diagnosticar e estimular o seu processo de aprendizagem. Esta ferramenta é também muito importante para o professor, que pode utilizá-la como um termômetro e indicador de como conduzir os seus trabalhos futuros. Assim, o famigerado boletim com notas vermelhas e azuis, sai de cena. Na Escola da Vila, com duas unidades em São Paulo, a avaliação começa a acontecer antes mesmo da atividade de aprendizagem e acompanha a criança até o final do processo. Os objetivos de aprendizagem são estabelecidos para cada conteúdo, além daquilo que o aluno deve aprender em cada momento e os critérios de avaliação. A comunicação formal da avaliação para os pais é feita ao fim de cada trimestre, por meio de boletins informativos, mas os estudantes já têm a medida de seu desempenho durante o próprio processo de aprendizagem. "Assim, ao planejar as situações de ensino, o professor elabora propostas coerentes com os critérios já definidos, o que permite acompanhar o grupo e cada um em relação à aprendizagem que se quer viabilizar", explica Vânia Marinceck, Diretora Pedagógica do Fundamental I da Escola da Vila. "Com a ajuda desses instrumentos, pode-se também avaliar o que foi planejado e promover ajustes no ensino, a fim de garantir que os alunos sigam aprendendo o conteúdo ensinado e de planejar ações específicas àqueles que encontraram dificuldade para compreendê-lo", continua. Essa condução do processo avaliativo permite ao aluno saber o que é esperado dele e o que precisa fazer para aprender. E garante também que ele passe, ao longo do tempo, a se responsabilizar por sua própria aprendizagem. "Para tanto, a partir do Ensino Fundamental utiliza-se a auto-avaliação, instrumento elaborado com os próprios alunos em vários momentos do processo", finaliza Vânia Marinceck. A Escola Cidade Jardim - Play Pen, na zona sul em São Paulo, utiliza-se da avaliação formativa, com boletim descritivo e o que batizou de "indicadores de competência". Esses indicadores possibilitam a localização de possíveis problemas dentro dos conteúdos avaliados. "Não basta saber se o aluno tirou 8 de Matemática, é preciso detectar quais são as suas dificuldades dentro de determinado conteúdo, o que ele está dominando e o que não está", explica Célia Tilkian, diretora pedagógica da Escola Cidade Jardim - Play Pen. "Assim ele pode planejar como se recuperar", continua. "A auto-avaliação também é praticada pelos alunos de nossa escola. Por meio desta ferramenta, ele toma consciência do que vai ser avaliado, sendo ainda um critério de justiça. Isso é muito importante também para a auto-estima das crianças e adolescentes, por permitir que se tracem metas e desafios para os períodos seguintes", completa. A Escola Cidade Jardim finaliza o processo de avaliação do Ensino Fundamental II, com uma reunião entre professor, aluno e seus pais, na qual cada parte esclarece suas questões.
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