Nilton Santos      O pernambucano Paulo Moura, que conquistou uma vitória emocionante nas oitavas-de-final do Onbongo Pro Surfing na Praia Mole, em Florianópolis (SC).

O tabu de nenhuma vitória brasileira no Onbongo Pro Surfing pode ser quebrado definitivamente neste domingo na Praia Mole. Apenas dois sul-africanos conseguiram classificação para as quartas-de-final que vão abrir o domingo decisivo do único evento de nível máximo 6 estrelas da América do Sul, contra seis brasileiros. O carioca Pedro Henrique assume a vice-liderança do ranking se chegar nas semifinais. O paranaense Jihad Kohdr garante vaga no ASP World Championship Tour (WCT) do ano que vem se alcançar a grande final. Já o alagoano Marcondes Rocha e o carioca Raoni Monteiro podem entrar na lista dos 15 surfistas que o WQS indica para completar a elite mundial, só que os dois vão se enfrentar na última quarta-de-final. E o pernambucano Paulo Moura, que já ultrapassou a barreira dos 9.000 pontos que garantem vaga no WCT, e o ainda recordista absoluto do Onbongo Pro Surfing, Heitor Alves, do Ceará, formam outro confronto verde-amarelo na segunda bateria. O último dia da competição será iniciado às 9 horas e a grande final está prevista para começar às 12:30 horas em Florianópolis (SC).

Um ótimo público enfrentou o vento sul no sábado de ondas irregulares variando de 1,0 a 1,5 metro de altura na Praia Mole. E vibrou bastante com a apresentação dos brasileiros, com alguns garantindo classificação de forma dramática nos últimos minutos das baterias. Um deles foi o paranaense Jihad Kohdr na primeira disputa homem-a-homem da história do Onbongo Pro Surfing, já que nos três anos anteriores todas as baterias eram formadas por quatro atletas até a grande final.

"Estou muito feliz de ter passado mais uma bateria para tentar confirmar minha vaga no WCT aqui no Brasil, porque lá no Havaí é sempre mais complicado", falou Jihad Kohdr, após a vitória sobre o australiano Tom Whitaker, atleta top do WCT e vice-campeão do Nova Schin Festival WCT Brasil no ano passado, quando só foi derrotado pelo compatriota Taj Burrow.

"Eu sabia que ia ser uma bateria muito difícil. Ele é um surfista experiente, tinha duas notas altas e eu só uma, mas graças à Deus consegui pegar aquela onda salvadora no finalzinho e só tenho que agradecer à Iemanjá, que deve ter mandado ela para mim", disse Jihad, que vai enfrentar David Weare na primeira quarta-de-final do Onbongo Pro Surfing. "Agora só faltam duas baterias para eu me garantir no WCT e vamos ver como vai estar o mar, mas estou bem confiante e quero ver se consigo atingir esse objetivo que carrego desde criança aqui no Brasil, quem sabe com uma vitória aqui amanhã (domingo)", prometeu.

O sul-africano ganhou o confronto contra o porto-riquenho Brian Toth na segunda oitava-de-final. Com a vitória, atingiu 9.250 pontos e confirmou sua entrada no grupo que vai disputar o WCT no ano que vem. "Estou muito feliz. As ondas estão bem difíceis hoje por causa do vento muito forte, além disso tem muita correnteza, mas consegui achar duas boas ondas para me classificar e não sabia que já garantiria minha classificação para o WCT. Estou amarradão com essa notícia", falou David Weare.

Quem também conseguiria esse feito se passasse para as quartas-de-final era o português Tiago Pires, mas ele pegou o dono da melhor apresentação do Onbongo Pro Surfing 2005 e o cearense Heitor Alves manteve a invencibilidade na Praia Mole. Ninguém ainda conseguiu superar a nota 9,83 e os 19 pontos que ele somou na quinta-feira. ’Foi um bom resultado para mim, mas eu gostaria muito de ter passado essa bateria para entrar de vez no WCT", lamentou Tiago Pires. "A pontuação do WQS vai a cada ano aumentando e ninguém sabe onde vai parar. Já tenho mais de 8.500 pontos e ainda não estou 100% garantido, então o Havaí vai decidir todo o ano para mim e tomara que eu consiga colocar o meu país, Portugal, na elite mundial", torce Tiago.

O pernambucano Paulo Moura, que reside na Praia Mole, foi mais feliz e já atingiu 9.540 pontos com a vitória dramática conquistada nos últimos segundos contra o australiano Shaun Cansdell, que tinha acabado de assumir a vice-liderança no ranking do WQS. "As ondas estão muito difíceis, o australiano tirou um high-score (nota alta) logo no começo e obrigado Senhor por ter mandado aquela onda linda no finalzinho para eu poder virar o resultado", agradeceu Paulo Moura, que fez com que a Praia Mole mais parecesse um estádio de futebol com a vibração da torcida. "Nota 1 milhão para esse público maravilhoso, que enfrentou esse vento sul gelado para assistir o campeonato todo e eles merecem que um brasileiro vença esse campeonato para a festa ficar completa", deseja Paulo Moura, que vai disputar a segunda quarta-de-final neste domingo contra o cearense Heitor Alves.

Na terceira, o confronto será entre o sul-africano Greg Emslie e o carioca Pedro Henrique. Emslie acabou tendo o trabalho facilitado, pois o catarinense Marco Polo chegou atrasado para a bateria e entrou no mar quando já tinham passado mais de 5 minutos, não conseguindo uma boa sintonia com as séries de ondas. E Pedro Henrique também não deu chances ao havaiano Dustin Barca e agora pode assumir a vice-liderança do ranking se despachar mais um estrangeiro no Onbongo Pro Surfing.

Já a última quarta-de-final será uma disputa direta entre dois brasileiros que lutam para ingressar na lista dos 15 do WQS nessa última parada antes das duas etapas finais que vão encerrar a divisão de acesso para o WCT 2006 no Havaí. O alagoano Marcondes Rocha derrotou o havaiano Roy Powers na penúltima bateria do dia e na última o carioca Raoni Monteiro atropelou o australiano voador Josh Kerr, com a torcida mais uma vez participando bastante da apresentação do surfista que quase quebrou o jejum de vitórias verde-amarelas no Onbongo Pro Surfing do ano passado.

"Foi um dia muito desgastante, essa é a terceira bateria que eu corro hoje nesse mar muito difícil, com vento sul forte e muita correnteza, mas estou muito feliz com a classificação. Consegui manter meu foco até o fim do dia, mantendo a calma para pegar duas ondas boas nas baterias e fui abençoado com uma nota 8 e um 7 nessa última", contou Raoni Monteiro, que falou sobre seu primeiro adversário neste domingo. "O Marcondes (Rocha) é um ótimo surfista, o cabeção (apelido dele) está surfando pra caramba e vai ser mais uma bateria boa, só que não vou dar mole não. Vou com tudo para tentar vencer o campeonato para me manter no WCT. No ano passado eu só não ganhei porque caí na minha última onda e o Richard Lovett (AUS) venceu, mas vou tentar de todo jeito quebrar esse tabu nesse ano", falou Raoni Monteiro, o último classificado do dia na Praia Mole.

Com apresentação da Nova Schin, o Onbongo Pro Surfing 2005 tem a marca Onbongo como principal patrocinador, além da Secretaria da Cultura, Turismo e Esporte do Governo do Estado de Santa Catarina, da Prefeitura de Florianópolis e da Fundação Municipal de Esportes; co-patrocínio das lojas de surf KYW, High Point, Hot Water, Star Point, Surf X Press, Sunset, Uluwatu, Overboard, Krokodilu’s, Velzyland e Central Surf; apoio da Local Motion, Associação Verde Futuro e Praia Mole Park Hotel, com divulgação oficial da Revista Fluir, Site Waves/Terra e Rede Atlântida FM; e organização da Federação Catarinense de Surf (FECASURF) e ASP South America. As disputas poderão ser acompanhadas on-line pelo waves.terra.com.br.