Continuar inquilino ou ficar devendo para ter a casa própria? Para quem não tem uma poupança nem o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), essa decisão precisa ser bem pensada. Muita gente acha que pagar aluguel equivale a jogar dinheiro fora. Conclusão: melhor usar o recurso "desperdiçado" na forma de parcelas para pagamento de um teto próprio. O raciocínio, que parece lógico, na verdade não é tão simples caso você não tenha dinheiro para adquirir um imóvel à vista. Antes de pegar um empréstimo bancário, calcule se os juros irão comprometer boa parte do seu orçamento. Há taxas variáveis entre 6% e que podem chegar até 12,82% de juros ao ano, dependendo da política de cada banco. O empréstimo também dependerá de alguns critérios de avaliação do banco, como idade e renda do tomador, e o de encontrar um imóvel no valor ideal que caiba no seu bolso. Enfim, são inúmeras as variáveis, e só uma análise particular pode avaliar se o negócio é bom para o seu futuro. Mas, determinados aspectos valem para todos, desde um pequeno investimento até o mais sofisticado. Para sair do aluguel e comprar um imóvel, não deixe de fazer as contas detalhadamente, tudo tem que ser calculado na ponta do lápis e com muita atenção para não cometer erros na decisão. O Governo poderá bancar parte do seu sonho ou todo ele na compra da casa própria. Para quem tem um saldo do FGTS, o financiamento pode ser compensador. Após análise do seu perfil, o banco talvez ofereça apenas o suficiente para bancar uma parte do imóvel. Sobrará a entrada, que pode ser coberta com o fundo. O Governo tem bancado um grande número de famílias que ganham até R$ 1.500 por mês. Para quem tem renda mensal de R$ 300, libera em torno de R$ 17 mil, dos quais R$ 11 mil são doados. Os outros R$ 6 mil são pagos em parcelas de R$ 45,00 durante os próximos 20 anos. Se o imóvel for mais caro e o mutuário tiver FGTS, poderá usá-lo para amortização do saldo financiado. Assim vale a pena! No início deste ano, orientei um casal com uma filha de 8 anos e uma renda acima da média, R$ 1.800. Eles pagavam R$ 600,00 de aluguel e IPTU (Imposto Predial, Territorial e Urbano), além das dívidas acumuladas (cheque especial, cartão de crédito e mais duas financeiras). O casal pagava em média 35% de juros mensais e comprometia 60% dos seus rendimentos. Com algumas dicas, o casal passou a administrar melhor as finanças por meio da elaboração do Planejamento Financeiro Doméstico Familiar (PFDF), começando pelo corte de itens que geravam despesas extras mensais desnecessárias, consideradas supérfluas para a sobrevivência familiar. As economias tornaram-se representativas, em conseqüência das mudanças de hábito sem que houvesse perda da qualidade de vida. Iniciamos então a análise para sair do aluguel e investir na tão sonhada compra da casa própria. Em apenas seis meses de uma boa administração, o casal conseguiu economizar satisfatoriamente naqueles pequenos itens desnecessários e nos valores que compensariam o investimento. As dívidas anteriores foram pagas, sem que fosse necessário fazer um empréstimo pagando altas taxas de juros, pois todas as dívidas foram resolvidas com os próprios recursos. O casal deu uma entrada num apartamento usando o saldo do FGTS, e hoje paga prestação de R$ 329 pela compra da casa própria. Cuidados especiais são necessários na hora de adquirir o seu imóvel. Antes de fazer negócios imobiliários, toda informação deve consultada com o apoio de um especialista da área, um Corretor de Imóveis credenciado ao Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (CRECI) do seu Estado. Não faça negócios com intermediários que não estão preparados para lhe vender um imóvel, pois isso poderá lhe custar caro. Após essa certeza, o próximo passo é planejar as finanças para fazer um excelente investimento e realizar o sonho da sua casa própria. Boa sorte e sucesso! Nota do Editor: Cláudio Boriola é consultor financeiro, palestrante especialista em Economia Doméstica e Direitos do Consumidor. Autor do livro "Paz, Saúde e Crédito" e do Projeto Educação Financeira nas Escolas.
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