No dia 27 de novembro será comemorado o Dia Nacional de Combate ao Câncer. Para o oncologista Eduardo Akaishi, professor doutor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, o câncer é um importante problema de saúde pública em países desenvolvidos e em desenvolvimento e é responsável por mais de seis milhões de óbitos a cada ano, representando cerca de 12% de todas as causas de morte no mundo.

O Dia Nacional deve ser lembrado como forma de conscientização da população na prevenção do câncer, já que é a segunda doença que mais mata no Brasil, perdendo apenas para as doenças cardíacas. "A população está mais consciente em relação às formas de prevenção. O grande problema é que quando há a suspeita da doença, as pessoas ficam com medo do tratamento e fogem do controle médico" explica Akaishi.

Mesmo com tantos avanços nas pesquisas e novas possibilidades de cura e tratamento, o câncer continua sendo uma das principais causa da morte de homens e mulheres adultos no Brasil e no mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2005 aproximadamente 467 mil novos casos surgiram no País, sendo que 250 mil somente na região Sudeste.

Os tumores mais freqüentes no País são próstata, pulmão, estômago, cólon e reto e esôfago na população masculina e em mulheres predomina o câncer de mama, seguido pelos tumores de colo uterino, cólon e reto, pulmão e estômago.

As possibilidades de tratamento do câncer são bem maiores do que há alguns anos. Segundo Akaishi existe chance de cura para a maior parte dos casos com terapias que combinam cirurgia a técnicas de quimioterapia e radioterapia. "No Brasil, o próprio Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência de última geração, com centros de tratamento especializado espalhados por todo o País, porém é muito importante o diagnóstico precoce, para que o tratamento seja bem sucedido" alerta o oncologista.

Um exemplo dessa assistência é o Hospital das Clínicas, em São Paulo, que desde 2002 realiza a cirurgia de citoredução, que é a retirada de tumores do aparelho digestivo. "O procedimento alcançou índices de sucesso consistentes no último ano em SP e é utilizado nos casos que no passado abria-se e fechava-se o paciente porque não tinha mais solução" explica Akaishi que é chefe do grupo de cirurgia oncológica da terceira clínica cirúrgica do HC, pioneira nesse tipo de procedimento.

Segundo o oncologista, em três anos já foram realizadas 35 operações com mortalidade zero em decorrência dessa operação, 80% de taxa de sobrevida e 20% de taxa de cura. O sucesso do procedimento fez com que uma parte dessa experiência brasileira fosse publicada em maio deste ano na renomada revista norte-americana Journal of Clinical Oncology. "O que lamentamos é que esse procedimento está restrito aos meios médicos e seus familiares, porque não há divulgação e muita gente morre sem saber que pode ter alternativa para sobreviver", lamenta Akaishi.

"A informação ainda é a melhor prevenção do câncer. Quanto mais cedo o tumor for identificado, menor será seu grau de invasão. Se o câncer for detectado no início, é mais provável que ele ainda não tenha atingido outras regiões e que o órgão ainda não esteja totalmente comprometido" alerta o oncologista.

Além de fatores hereditários e ambientais, o desenvolvimento de tumores cancerosos tem uma forte relação com os hábitos e a qualidade de vida do paciente. É perfeitamente possível se proteger evitando o fumo e a ingestão exagerada de bebidas alcoólicas, seguindo uma dieta natural e balanceada, praticando exercícios físicos moderadamente e evitando se expor ao sol sem proteção.