No Meio-Norte brasileiro, o agronegócio tem se desenvolvido com as características peculiares à abertura das fronteiras agrícolas no Brasil. A prática mais comum é o expansionismo com a abertura de grandes áreas estimuladas, principalmente, pelo baixo preço da terra. Isso possibilita as empresas e/ou pessoas físicas a compra de imensas glebas tornando-os proprietários de grandes feudos. Foi assim, em vários estados do Brasil, principalmente, no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O que este modelo preconiza com a expansão horizontal da agricultura não está totalmente errado, considerando que, possibilita às regiões ainda carentes de infra-estrutura, a geração de emprego e a melhoria da qualidade de vida das populações locais, permitindo, aos cidadãos, vislumbrar com maior rapidez o caminho do desenvolvimento. É preciso observar que o desenvolvimento do agronegócio, apenas no sentido horizontal, não possibilita somente o aumento da produção, mas traz consigo algumas incertezas que merecem atenção especial das comunidades locais. O modelo que se fundamenta na implantação de grandes áreas de monocultura, principalmente, de grandes comodities, proporciona também, muitas surpresas desagradáveis ao processo da sustentabilidade. Do ponto de vista econômico, o cultivo apenas de uma cultura, torna o agricultor vulnerável à concorrência, na maioria das vezes desleal do mercado internacional. O exemplo mais premente foram os últimos acontecimentos da safra 2004/2005, quando o preço da soja, no mercado internacional, atingiu limites inferiores ao preço do custo de produção, causando à maioria dos produtores da monocultura do Meio-Norte brasileiro, imensos prejuízos, impossibilitando-os inclusive, de saldar compromissos de financiamentos de custeio dessa safra. Com relação a sustentabilidade ambiental é possível perceber que qualquer modelo que induz ao aumento da produção agrícola, altera a estrutura dos biomas, seja, o pequeno o médio ou o grande produtor. A questão é, como causar menor impacto aos ecossistemas? Isso deve ser uma preocupação central de todos que estão envolvidos no processos produtivo, não apenas, agricultores, pecuaristas ou ecologistas, mas, também aqueles que ainda vivem a margem do desenvolvimento, que no Brasil estima-se em torno de 54 milhões de pessoas. Acrescenta-se ainda, a esta lista, pessoas que se preocupam com a sustentabilidade e pensam em legar as gerações futuras do Meio-Norte do Brasil condições de sobrevivência, com cidadania, melhoria da qualidade de vida e inclusão social. É neste contexto que, a utilização de um modelo agropecuário que possibilite a diversificação de culturas com a utilização de menos agrotóxicos e a verticalização da agricultura deve ser perseguido sob pena, de frustrações constantes, sempre estarem presentes no agronegócio desta Região. Desta maneira, a cada segmento do agronegócio do Meio-Norte brasileiro, cabe uma atividade importante. Ao pequeno agricultor é legado a responsabilidade de produzir sem queimar a sua gleba, tarefa difícil, mas que deve ser implementada, prioritariamente, sob pena de continuarmos contribuindo para o aquecimento global. O médio agricultor deve perseguir a diversificação de cultura, como a opção para atingir mercados mais seguros e com menores riscos de frustrações econômicas. Ao grande produtor, que, teoricamente, apresenta maiores recursos, e tem acesso mais facilmente aos fatores de produção, estão legadas as maiores responsabilidades em todo o processo do desenvolvimento do agronegócio da Região. A este, cabe, primeiramente, verticalizar sua produção, sob pena de ser sempre criticado pelos ecologistas como destruidores da natureza com seus modelos de grandes áreas. Uma outra medida a ser adotada é a diversificação da agricultura, esta é a maneira mais adequada para se alcançar a sustentabilidade econômica ante os mercados globais. A implementação da produção com a utilização de menos agrotóxicos, a falada tecnologia limpa, surge como uma alternativa importante ao modelo atual de crescimento horizontal expansionista das grandes comodities que sustentam o agronegócio global. A esta última ação, a integração da lavoura com a pecuária surge como uma tecnologia importante para diminuição dos impactos da monocultura nos diversos biomas onde este processo agrícola tem sido bastante criticado. O uso do plantio direto, a integração lavoura pecuária, com utilização de culturas em consórcio ou não, com gramíneas adaptadas, após, a colheita das culturas, as gramíneas cobrem o solo, protegendo-o contra erosões. A rotação de culturas, tem diminuído drasticamente a ocorrência de pragas e doenças possibilitando o uso de menos agrotóxico. A diversificação com a engorda de animais agrega valor, tornando o agricultor menos vulnerável a instabilidade de preços dos produtos agrícolas, no caso da monocultura. Assim sendo, o desenvolvimento do agronegócio no Meio-Norte do Brasil, não é uma atividade fácil, nem responsabilidade, apenas, dos que estão ligados ao campo, como, pequenos, médios e grandes produtores, mas, à todos os segmentos sociais que acreditam que o desenvolvimento de uma fronteira agrícola é feito com justiça, inclusão social sustentabilidade ambiental, respeita a natureza e menores impactos nos biomas a serem desenvolvidos de forma economicamente viável, possibilitando aos municípios ,estados e país desenvolvimento harmonioso, constante e duradouro. Nota do Editor: Hoston Tomás Santos do Nascimento é pesquisador da Embrapa Meio-Norte.
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