A retirada de tecidos e ossos só poderá ser efetuada em caso de morte do doador. O interessado em doar seus ossos e demais órgãos deve comunicar este desejo à família, pois em caso de óbito, a retirada somente poderá ser autorizada por parente próximo ou representante legal do doador. Diferentemente de outros órgãos, o doador cadáver de ossos e tecidos não necessita estar na condição de morte encefálica. O estabelecimento de saúde onde se encontra o cadáver deverá comunicar à Central Estadual de Transplantes a possibilidade de doação. A equipe da central de transplantes fará a triagem do doador para diagnosticar doenças transmitidas pelo sangue, como hepatite, aids, malária, entre outras, que podem infectar o receptor. A doação é excluída também quando são detectados câncer, osteoporose, doenças infecciosas ou o doador fazia uso recente e prolongado de corticóide, aconselhado para o tratamento de doenças inflamatórias reumáticas, renais e neurológicas. Após a investigação preliminar do material a ser doado, a central estadual entrará em contato com o banco de tecidos músculo-esqueléticos local para retirada. A equipe técnica da unidade fará uma série de testes que comprovem a qualidade dos tecidos para decidir se serão aceitos ou não. Além disso, a família tem de responder a um questionário clínico, com mais de 30 perguntas e informações específicas sobre o histórico de saúde do possível doador. Segundo o Ministério da Saúde, após a implantação desse questionário, fica praticamente afastada a possibilidade de transmissão de doenças infecto-contagiosas. Quando houver necessidade, os hospitais transplantadores entrarão em contato com os bancos de tecidos existentes para solicitar material para cirurgias. Conheça a história de pacientes que precisam de transplante ósseo Em todo o país, cerca de 2,5 mil pessoas esperam na fila para receber um transplante de tecidos músculo-esqueléticos, que são ossos, cartilagens, pele e ligamentos. O dentista da Força Aérea Brasileira, Ernesto Sansoé, de 50 anos, e a jornalista Larissa Jansem, de 28 anos, são dois pacientes que aguardam um transplante ósseo para substituir próteses de quadril. Ernesto Sansoé espera há um ano e meio na fila do banco de ossos do Instituto Nacional de Traumáto-Ortopedia (Into), ligado ao Ministério da Saúde, para fazer uma cirurgia de troca de prótese do quadril, porque a que ele utiliza desde 1991 está no fim de sua vida útil. "A minha perspectiva de operar começa com essa campanha. Eu espero que as pessoas se conscientizem e doem. Eu posso ser chamado a qualquer momento, já fiz até os exames de risco cirúrgico, só falta ter doador", afirmou durante o lançamento da campanha no Rio. Sansoé trabalha como dentista da Força Aérea, mas pediu afastamento do trabalho por causa das dores e da impossibilidade de ficar em pé. Ele anda com muletas. Já a jornalista Larissa Jansen, funcionária da Radiobrás, tem artrite reumatóide juvenil e, por isso, necessita trocar a prótese de quadril. A doença levou a perda dos movimentos de várias partes de seu corpo e hoje ela só pode sair às ruas com cadeira de roda. Larissa sofreu três anos até descobrir que precisava de um transplante ósseo para trocar sua prótese. "Consultei vários médicos particulares para saber como seria feita a troca da minha prótese. Eles apenas diziam que eu teria que fazer um transplante ósseo, mas não me diziam como, nem onde fazer", relata. "Com o transplante que poderei recuperar quase 90% dos movimentos perdidos. Mas apesar de eu ser uma das primeiras pacientes da fila de espera, não aparece nenhum doador."
|