Um mouse que parece uma caneta foi desenvolvido e patenteado pelo médico Luiz Cesar Peres, professor do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP). O novo modelo diminui os impactos físicos relacionados ao equipamento convencional, como dores nas mãos, nos braços e no pescoço, provocadas por movimentos repetitivos e intensos. De acordo com o médico, o aparelho exige menos esforço físico e proporciona mais conforto.

Peres, que é responsável pela disciplina de Patologia Pediátrica da FMRP, sentiu dores durante a elaboração de sua tese de livre-docência e no trabalho de formação de banco de dados sobre autópsias pediátricas. O problema manteve-se durante dois anos, entre 1998 e 2000. Por isso, resolveu fazer modificações no mouse convencional.

A primeira tentativa foi grudar um tubo de cola em bastão sobre o aparelho, de modo que a mão ficasse numa posição de alavanca, mais reta e sem se movimentar muito. "Minha intenção era evitar, principalmente, que a mão ficasse dobrada para trás, com os músculos e tendões contraídos. Com isso, diminuiriam a fadiga e as torções musculares. Percebi que o bastão de cola no mouse reduzia a dor e não causava o posicionamento forçado da mão", explica Peres.

Haste móvel - O próprio médico realizou os experimentos iniciais com protótipos e verificou que os efeitos eram bem menos nocivos para articulações, tendões e músculos. Imaginou então um mouse ergonômico e pediu ao fisioterapeuta Paulo Roberto Veiga Quemelo que estudasse a confecção de um novo aparelho. Quemelo tornou-se seu aluno de mestrado e atualmente cursa o doutorado na mesma universidade.

Os primeiros moldes foram feitos com papel machê e massa. Em sua forma final, o mouse é dotado de base e haste móvel, como um joystick de jogos eletrônicos, e tem o diâmetro de uma caneta. Dois botões de sinalização ficam posicionados na haste e são acionados pelo polegar. "Esse dedo é o mais forte e o menos suscetível ao cansaço", afirma Peres.

O Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (Dort) ou Lesão por Esforço Repetitivo (LER) é uma das principais causas de afastamento do trabalho em todo o mundo. Só no Brasil são mais de 500 mil casos por ano.