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23/01/2006 - 10h00
140 famílias
L C S Penna
 

No auge do Império Britânico, segundo W. Churchill, cerca de 400 famílias eram donas da maioria das terras e mandavam na Inglaterra. Dessas famílias saiam os mandatários de vários postos políticos, do speaker na Câmara a primeiro ministro, vice-rei da Índia etc. Incluindo entre essas famílias a da própria Rainha.

Todos recebiam excelente educação. De Oxford a Cambridge, Eaton, Sandhurst. Como mandavam e tinham um império a cuidar eram educados a retribuir prestando serviço ao rei, rainha, a nação. Todos eram impelidos à Câmara dos Comuns, dos Lordes, as finanças, a servir dessa maneira a pátria e a serem políticos exemplares. Servir a Nação era questão de ordem. Os mais capazes passavam boa parte da vida no serviço público. Era uma questão de honra. Disraeli, Gladstone, Balfour são alguns exemplos. O mais conhecido de todos: Winston Churchill. Não eram políticos por questão financeira. Dinheiro já tinham.

Retribuíam com o talento o que, segundo eles, o Império havia lhes dado. Era a aristocracia britânica. Boa parte dela vinha servindo ao reinado há quatro, cinco séculos ou mais. Uma tradição que foi se firmando e aperfeiçoando.

Tinham e têm um soberano de quem se orgulham e serve como baluarte, esteio moral da nação. Não foi por acaso que tornou-se um dos maiores impérios da terra onde, como diziam, o sol nunca se punha.

Ainda hoje qualquer membro do Parlamento - primeiro ministro incluso - recebe salário para o sustendo de cada dia e de acordo com seu posto. Casa, apartamento, locomoção e outras mordomias correm por conta do bolso de cada um.

Aqui, como não têm em quem mirar, os políticos agem de acordo com a miragem do momento. Como a pouca sombra que existe eles cortam, o sol a torrar-lhes os miolos, fazem as coisas mais estapafúrdias e seguem insolentemente pensando na eleição de amanhã. E são reeleitos deixando um suspiro de alegria de homens ocos.

140 famílias, dizem, vivem do estipêndio da famigerada e agora tradicional (?) feira ripe (hurra?!). 140 famílias! Muitas, provavelmente, merecedoras dos maiores encômios. Outras, enchendo a burra da Rua 25 de Março em São Paulo e revendendo aqui para os burros de plantão.

140 famílias que não têm a história dos serviços prestada pela britânica, mas com força suficiente para mudar alguma característica física e histórica da cidade. Ou algum político percuciente que resolveu servi-los já pensando no futuro. Dele.

140 famílias representam per si e mais os amigos que podem cooptar muitos votos e votos são o que interessa.

140 famílias ou seu representante com força para conseguir um projeto e construir um monstrengo com nome pomposo e dinheiro nosso. E num passe de mágica derrubar uma árvore que num toque de Judas, do dia pra noite ficou doente. Derruba-la e descaracterizar um local histórico como o Cruzeiro e suas duas amendoeiras.

As 140 famílias, o prefeito e seus representantes ficarão muito bem em seu espaço de convivência, cobertos por acrílico azul e tendo por testemunha a cruz onde, quem sabem, se crédulos forem, poderão purgar-se de seus pecados e em dias mais quentes recolher-se à sombra da amendoeira que sobrou e lhes dará guarida. Não sem antes derrubar uma folha em memória de sua irmã ceifada por homens vazios e estender-lhes os versos do poeta inglês (por adoção):

Os homens ocos
T. S. Eliot

Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada
Fôrma sem forma, sombra sem cor
Força paralisada, gesto sem vigor;
[......]
Entre a essência
E a descendência
Tomba a Sombra
Porque Teu é o Reino
Porque Teu é
A vida é
Porque Teu é o
Assim expira o mundo
Assim expira o mundo
Assim expira o mundo
Não com uma explosão, mas com um suspiro.
(tradução: Ivan Junqueira)

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