O fim da folia
Luiz Moura |  |
Ver nossos pescadores artesanais através do renitente jundu que sobrou na praia do Itaguá, imprópria para banho, tentando o pão de cada dia, me faz pensar em cultura e carnaval. A poluição extinguirá a pesca artesanal e portanto, uma grande parte da cultura caiçara. Sem investimentos na cultura não há como se construir e manter a identidade de um povo. Investir na cultura é investir no fortalecimento da nação, construir identidades, resgatar o sentimento de dignidade dos cidadãos. Sim, carnaval é cultura! Envolve, nos três dias de folia música, dança, pintura, escultura, poesia, teatro... Uma festa do povo e para o povo. Todos participam, até os que "não caem na folia" pois aproveitam para viajar ou tomar parte nos mais diversos eventos. Já foi disparada a contagem regressiva para a festa mais popular do planeta e, como diz Rogério Frediani em suas fábulas: "na cidadezinha comandada pelo homem sem ação tudo continua na mesma pasmaceira, dando a nítida impressão de que ações protestantes programadas há muito estão prestes a serem implantadas para combater a folia dos perniciosos três dias." Já não sei se é incompetência da Secretaria de Cultura e Turismo da administração Eduardo César (?) ou se tudo está sendo feito a mando do alcaide, digo, não está sendo feito (mas também a seu mando). A cultura ubatubense precisa ser resgatada e para tal é necessário que se afira a razão de sua derrocada. A partir de quando e por que aconteceu o definhamento da cultura caiçara? Que instituição foi diretamente responsável? O que faremos para reverter este quadro? Com respostas para perguntas como estas poderemos iniciar o trabalho de elaboração de um plano para o resgate da cultura caiçara. Por enquanto, tenho a impressão que para este ano vai sobrar é um "carnaval gospel" e se a moda pegar...
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