O que é novo assusta. Quando alguém disse que a terra era redonda houve espanto. "Louco, deve estar redondamente enganado!" A descoberta da roda deu um impulso notável à época. A descoberta da pólvora foi uma explosão. Principalmente para os belicosos. A constatação de que éramos o centro do universo nos fez pensar um pouco sobre nós mesmos. Novidade à qual não nos acostumamos muito. Gutenberg ao inventar a imprensa jamais imaginaria o que de bom e ruim isto traria. Deu-nos a Bíblia e as sandices de José Sarney. O Rei James ao pedir que traduzissem a Bíblia para o inglês e que o fizessem numa linguagem que os mais humildes pudessem entender, formou a base da língua inglesa. Freud com a psicanálise e a constatação de que tudo é sexo, um escândalo para o início do século passado, descoberta inovadora que influencia até hoje todas as artes e cultura, escrevia de uma maneira simples. Lula nada escreve. Alguém o faz por ele que se passa por entendido. Ao completarmos 100 anos de cinema lembramos o quanto o mesmo mudou em enredo, takes etc. No início muitos se assustavam quando os cavalos, ou multidão saiam correndo em direção ao passivo espectador. Muitos se levantavam e saiam correndo também. Novidade, como disse, assusta. Orson Welles com a transmissão (fictícia) da invasão de Nova Iorque fez muita gente sair correndo, em desespero, da cidade. O rádio era crível naquele tempo. E lá não havia a voz do Brasil. Thanks God! O primeiro astronauta ao redor da terra disse alto e quase bom som: "A terra é azul". Os russos preferiam que dissesse que era vermelha, ou que se calasse. Eles ainda acreditavam na revolução em que o partido manda e o resto obedece. Fez escola: Fidel Castro não larga o ofício. Hoje as novidades já não assustam tanto. A violência do dia-a-dia, as guerras, a moda, a novela, o futebol, tudo se mistura na telinha e se banaliza. Se a terra é redonda, quadrada, poluída, azul, quem se importa? As ongs defensoras do meio ambiente não vale. Vivem noutro mundo. A pólvora deu lugar a bombas minúsculas. E o centro do universo é o seu, o meu, o nosso umbigo e, a telinha do plim plim. Da imprensa com seus jornais, livros, revistas, televisão, cada vez mais voltamos à Freud. É tudo sexo e mal aproveitado. Diria Sigmund: "Não entenderam nada". Qualquer imbecil tem seu momento de glória (15 minutos) com atentados à língua pátria, com retórica chula ou não. Os filmes são feitos explorando a basbaquice e o anseio de qualquer um pelo novo. Abusa-se de novas tecnologias computadorizadas. Não há enredo, história, acting que nos faça pensar. Nem uma luz no fim do túnel que nos faça ter esperança. Nada. Os canalhas chafurdam na violência gratuita, no sexo vapt-vupt, no tecno, num mundo novidadeiro. A patuléia aplaude extasiada em seu olhar bovino e mente asinina. Novidadeiro como o nosso prefeito. Descaracterizou o Cruzeiro ao ceifar a amendoeira para agradar 140 famílias ou criar fato novo. Aceitou, candidamente, o parecer de um engenheiro - outro novidadeiro - que disse-lhe que a árvore estava doente. Poderia se dirimir se implantasse a velha amendoeira, que está no Perequê, ao seu lugar de origem. Diria, como na música: "Errei, mas mesmo assim eu fui feliz". Pra corroborar poderia pedir um novo estudo sobre aquela porcaria de acrílico, causa de todo esse imbróglio. Seria de uma altivez e tanta. Uma novidade que poderia colocá-lo na trilha de uma verdadeira administração.
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