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25/02/2006 - 13h04
A família, segundo as crianças
 
 

Baseando-se em duas grandes pesquisas qualitativas, as psicólogas Rosane Mantilla de Souza e Vera Regina Ramires descrevem como crianças e adolescentes compreendem o amor e como concebem a separação, o divórcio, e os novos relacionamentos familiares.

A sociedade nunca esteve diante de tantas possibilidades de união familiar. O modelo composto por pai, mãe e sua prole biológica é apenas um dos múltiplos arranjos possíveis. Há famílias divorciadas, famílias de gays e lésbicas, de produção independente. As mudanças são tantas e tão complexas que a pergunta é quase inevitável: como os filhos encaram a nova realidade? Rosane Mantilla de Souza e Vera Regina Ramires, especialistas em relacionamento familiar, foram buscar a resposta entre as crianças e os adolescentes. Duas pesquisas qualitativas deram origem ao livro Amor, casamento, família, divórcio... e depois, segundo as crianças, lançado pela Summus Editorial. Na obra, as psicólogas unem os processos de construção cognitiva e afetiva para descrever como os filhos compreendem o amor e como lidam com a separação, o divórcio e os novos relacionamentos.

Um dado importante que emergiu dos relatos é que a crença de um relacionamento conjugal indissolúvel não faz mais parte do imaginário infantil. Para as crianças, o valor do amor está em ser o grande mobilizador e o sustentáculo dos relacionamentos. "É o amor, segundo as crianças, que mobiliza as relações. Por isso, o divórcio se instaura cada vez mais. Não porque se desvalorize o amor, mas porque, ao contrário, um relacionamento conflituoso e sem amor não é mais aceitável", diz Vera.

A separação, entretanto, continua sendo compreendida como crise pelas crianças, e o sentimento inicial correspondente é a tristeza. Contudo, é possível prever um processo de recuperação afetiva à medida que o tempo passa. É a forma como os pais elaboram o rompimento amoroso que permite à criança controlar o medo da rejeição e do abandono e diferenciar o conflito conjugal do relacionamento com ela própria.

Os filhos já são capazes de compreender que haverá mudanças com a separação dos pais. "Baseadas na tese de que o amor é uma necessidade humana universal, as crianças que entrevistamos reconheciam que a vida afetiva dos pais se reorganizaria. O namoro e o casamento eram dois acontecimentos previsíveis depois da separação", esclarece Rosane.

Os relatos obtidos pela pesquisa apontam ainda para novas perspectivas em relação à estrutura familiar. Entre elas, a oportunidade de ultrapassar a barreira de que só os pais biológicos podem cuidar corretamente dos filhos. Por longas décadas, o divórcio e o nascimento fora do casamento foram objeto de estigma e preconceito. "Mesmo entre os psicólogos, boa parte dos trabalhos realizados tinha como pressuposto a necessidade de uma família nuclear conjugal para dar suporte ao desenvolvimento infantil adequado. Hoje, a diversidade de relacionamentos provoca novas reflexões", afirma Rosane.

Para as crianças, a família é uma experiência de vida à qual se agregam significados fundamentais, como proteção, cuidado e amor. Cuidar, entretanto, não se limita a alimentar e proteger dos perigos. Implica também socializar, ou seja, permitir que alguém se desenvolva como um membro de seu grupo social. Segundo as psicólogas, essa tarefa não pode ser atribuída exclusivamente a família conjugal. "Os kibutz e as muitas experiências alternativas da contracultura buscaram formas de questionar a rígida organização da família conjugal e não produziram ETs", destacam.

O número cada vez menor de famílias conjugais não significa que elas estão se fragmentando. Na verdade, estão se transformando e se adaptando as novas condições sociais e econômicas. "Seria necessário assumir a diversidade familiar e remover obstáculos estruturais para o bem-estar de todas as famílias", concluem as psicólogas.

As autoras

Rosane Mantilla de Souza é psicóloga, doutora em Psicologia Clínica e mediadora familiar. Pesquisadora e docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é coordenadora do Daquiprafrente, serviço especializado dirigido a famílias divorciadas, e do curso de especialização em Arteterapia da Coordenadoria de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (Cogeae) da PUC-SP.

Vera Regina R. Ramires é psicóloga, doutora em Psicologia Clínica e especialista em Psicoterapia Psicanalítica. Professora e pesquisadora da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo, Rio Grande do Sul, é coordenadora do curso de especialização em Psicoterapia de Crianças e Adolescentes da Unisinos.

Título: Amor, casamento, família, divórcio... e depois, segundo as crianças
Autora: Rosane Mantilla de Souza e Vera Regina R. Ramires
Editora: Summus Editorial
Preço: R$ 44,00
Páginas: 240

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