Devido à melhoria das condições de saúde e ao aumento da expectativa de vida, a população brasileira vem passando por um processo de envelhecimento. Infelizmente, esta fase da vida muitas vezes vem acompanhada pelo declínio das capacidades físicas e cognitivas (pensamento, julgamento, memória), que variam de acordo com as características de vida. Com este problema, são abalados a memória, a fluência verbal e aos níveis de atenção, sendo muito importante a retomada de atividades físicas e mentais para que homens e mulheres na faixa da melhor idade se mantenham ativos.

De acordo com estudo publicado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o envolvimento com a comunidade, diferentes atividades de lazer, convívio com familiares e atividades físicas, podem atuar como fatores de proteção ao declínio cognitivo. Depois de muitos anos de trabalho e atividade intensa, muitos idosos não vêem na aposentadoria um momento de parar com tudo e apenas descansar. Eles acham importante continuar exercitando o corpo e a mente, em um processo contínuo de aprendizado.

Nunca parar de estudar é o lema de Isidoro Ferreira, 70 anos, militar aposentado e pedagogo, aluno do curso de matemática do Kumon. "Eu sempre gostei de estudar e encontrei na matemática a oportunidade de manter minha mente ativa", conta Isidoro, que já fez cursos de música, regência e toca e estuda trompete diariamente. "Desde os 13 anos eu tenho uma disciplina de estudo diário, por isso não consigo parar de aprender. Fazer minhas lições diariamente me dá ânimo e preenche meu dia", conclui.

No mesmo embalo segue Manoel Ribas, 65 anos, ex-produtor de caqui no interior de São Paulo, que além de praticar Tai Chi Chuan, dança de salão e natação, também faz parte do curso de Japonês do Kumon. "Convivi durante muito tempo com a colônia japonesa, por isso me interessei em estudar a língua", conta Manoel. "É importante não deixar o cérebro parado e, como depois dos 60 as coisas complicam um pouco, resolvi estudar de uma forma que eu pudesse acompanhar o ritmo", brinca.

Para poder compartilhar mais momentos com os netos, Walter dos Santos, técnico industrial aposentado, 73 anos, há pouco mais de um ano se matriculou no curso de Operador de Microcomputador da Data Byte. "Queria saber do que eles estavam falando e entender como funcionava", conta Walter. "O computador agora é o meu passa tempo. Fico na internet, faço pesquisas e mantenho minha mente ativa", completa.

Preocupado em continuar a estudar, Nelson da Silva, enfermeiro aposentado de 69 anos, matriculou-se há duas semanas no curso de Operador de Micro Computador da Data Byte. "É ruim não saber como as coisas funcionam, não estar integrado com esta atividade importante no mundo todo", desabafa. "Acho importante continuar estudando e não ficar para trás, só porque me aposentei".

"Sempre tive vontade de aprender um segundo idioma, mas não tinha tempo. Depois que me aposentei, em fevereiro de 2005, pude realizar este sonho", conta a pedagoga e professora aposentada Deolinda Micchi Cavallini, 67 anos, aluna do terceiro estágio do curso de inglês do CNA.

"Faço mais esforço que um aluno comum, mas tudo o que você vê, lê e ouve por aí está em inglês e não poderia deixar de aprender", afirma Deolinda, que depois de 46 anos de trabalho, pretende em breve viajar para colocar em prática as aulas de inglês. "Não podemos parar nunca. Com a chegada da idade, se fizermos isso, a cabeça deixa de funcionar!".

Segundo a educadora - e autora dos livros do CNA - Ana Cuder, o aprendizado de um idioma ativa a memória na terceira idade, "mas existe também um fator importante que não podemos esquecer: idosos, adultos, adolescentes e crianças convivem no espaço da escola CNA, promovendo a troca de informações e experiências. O resultado é muito rico para todos, inclusive para nossos professores. Para alguns idosos que têm aulas conosco, ir para o CNA é mais do que aprender inglês ou espanhol: é uma oportunidade para conhecer novas pessoas, socializar-se, abrir a mente, criar".

Investindo mais no condicionamento físico, os alunos da Academia Aquasport, como João Capezzuto, 60 anos e Maria Regina Fukissima, 71 anos têm apresentado mais fôlego que muitos jovens.

Após seis meses de treinamento, com 11 quilos a menos e sem dores no nervo ciático e pressão normal, João atribui sua nova condição física ao Programa Melhor Idade da academia. "Tinha acabado de me aposentar e estava levando uma vida muito sedentária e os problemas de saúde apareceram, junto com o desânimo e o cansaço", conta. Agora, que completa um ano de treinamento, João é só alegria: "não transformei apenas meu corpo, mas também meu estado de espírito. Estou me sentindo cada dia mais jovem", conclui.

No 5º Duatlon Aquasport, realizado em 1º de outubro de 2005, Maria Regina foi o destaque entre os competidores. Independente dos 71 anos, ela participou da categoria acima de 40 anos, saindo vencedora, completando o percurso de 500 metros de natação e três mil metros de corrida em 29 minutos. Com isso, deixou para trás muitos jovens que não conseguiram terminar a prova em menor tempo. "Este foi meu primeiro Duatlon, mas estou sempre competindo", declara. "Já fui maratonista, participei de 12 corridas e fui considerada a melhor do ranking brasileiro", lembra-se Maria Regina que começou a se exercitar aos 27 anos e não parou mais.

Muitos fatores contribuem para um envelhecimento saudável e a educação, associada à família, cuidados com a própria saúde, além de motivação e iniciativa da própria pessoa muito idosa, são alguns deles. O aprendizado estimula a socialização, a auto-estima e mantêm ativos aqueles que por muito tempo foram tão ágeis quanto os jovens hoje.

No dia 27 de fevereiro, será comemorado o Dia do Idoso. Uma boa oportunidade para que todos nós possamos incentivar a estas pessoas, a fim de que continuem fazendo parte ativa da sociedade que eles ajudaram a construir.