Diversos articulistas estão convidando os críticos a olhar Ubatuba com otimismo, só enxergar suas belezas naturais, belas praias, lindas cachoeiras, clima ameno de eterna primavera-verão e a generosidade de nossos homens públicos e sua eficiência administrativa traduzida nas obras realizadas. Mesmo duvidando dos efeitos positivos do ufanismo e sabendo que todo ufanismo é assunto só para otário acreditar, estava iniciando um esforço para um processo de conversão. Nesse dilema, havendo tirado os olhos do artigo que recomendava o pensamento positivo, deparei com o título a seguir: “CENTRO DE TRIAGEM ESTÁ EM FASE DE CONCLUSÃO E DEVE REDUZIR O NÚMERO DE ANDARILHOS”. (Litoral Virtual 03/03/06) Opa! Vibrei! Primeira notícia positiva! As coisas estão acontecendo. Ótimo ter mudado a óptica. Continuei lendo para confirmar o que acabava de ler e verificar como tinha sido aplicada a famosa “lei do funil” e encontrei o texto a seguir: “A Secretaria de Cidadania e Desenvolvimento Social trabalha ativamente para a implantação de um ‘CENTRO DE TRIAGEM’ em Ubatuba”. “O projeto aguarda apenas a liberação de verba por parte do Governo do Estado para sair do papel” “Estamos estudando alguns locais para a instalação do Centro. Tão logo a verba de 150 mil reais seja liberada o Centro começa a se transformar em realidade”. Nossa decepção foi total. O iniciante ufanismo dissipou-se ao verificar que o Centro de Triagem não existia, nem na mente dos arquitetos, não tinha local escolhido, não tinha verba, não tinha paredes, não tinha teto, não tinha nada. Como diria Vinícius de Moraes era o “Centro de Triagem dos Bobos”. Frente à decepção perguntamos: Quais as razões para publicar essa enganação, carta de intenções ou como queira se chamar essa propaganda inverídica? A quem se quer enganar com essa estratégia? Não conseguindo entender recorri “A casa” de Vinícius de Moraes (1974): A casa Era uma casa Muito engraçada Não tinha teto Não tinha nada Ninguém podia Entrar nela não Porque na casa Não tinha chão Ninguém podia Dormir na rede Porque na casa Não tinha parede Ninguém podia Fazer pipi Porque penico Não tinha ali Mas era feita Com muito esmero Na rua dos Bobos Número zero. Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.
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