O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, afirmou dia 6 que as novas revelações da revista Veja sobre o escândalo do mensalão, desta vez envolvendo o PMDB e o apresentador Ratinho com o valerioduto, mostram que o País vive "um lamaçal inesgotável". Ele acrescentou que a publicação "relaciona novos e gravíssimos escândalos envolvendo agentes políticos, o que demonstra que, quando se pensa que a crise chegou ao fim, surgem mais e mais denúncias". Busato fez estas afirmações ao participar do debate "A Reforma Política no Brasil", realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O presidente nacional da OAB considerou da maior gravidade, e entende que precisa ser apurado pelas investigações em curso, o relato da revista de que o publicitário Marcos Valério, patrono do mensalão, sentindo-se abandonado por seus aliados políticos, está ameaçando nominar parlamentares do PMDB que se teriam beneficiado de propinas do esquema do mensalão. De acordo com Veja, seriam 55 deputados de uma bancada de 81, e o operador-intermediário do mensalão nesse caso teria sido o ex-deputado e ex-líder José Borba (PMDB-PR), que renunciou em outubro de 2005 para escapar ao julgamento do Conselho de Ética da Câmara. A publicação afirma também que o governo Lula, por intermédio de Marcos Valério, teria pago no início de 2004, R$ 5 milhões ao apresentador Ratinho para que elogiasse o presidente da República, entrevistado em seu programa naquela oportunidade. "Há gravações reproduzidas pela revista registrando os diálogos entre os operadores daquelas falcatruas", observou Busato, sugerindo que todos esses fatos precisam ser examinados pelas CPIs e pelos inquéritos em andamento. Na opinião de Busato, "por trás desses acontecimentos está o jogo espúrio pelo poder, que reflete uma visão distorcida do que seja o poder". E acrescentou: "poder não é desfrute: é serviço, doação, construção do bem comum". Em seu pronunciamento na Fiep, ele observou também que "é preciso urgentemente estatizar o Estado e, para tanto, não basta reforma política: é preciso reformar mentalidades". Para ele, as eleições no Brasil, do modo como são feitas, privatizam o Estado, deformam o conceito de poder e tornam o Estado, "que é - deveria ser - de todos, propriedade dos que financiam os eleitos". O presidente nacional da OAB criticou o que chamou de distorções do modelo político brasileiro e defendeu a reforma política como urgente e inadiável. Entre as distorções, destacou o fato de existir um regime pluripartidário que não contempla a fidelidade dos filiados ao partido, ensejando a troca freqüente de legendas, ao sabor das conveniências políticas pessoais. Além da fidelidade partidária, defendeu as cláusulas de barreira que impeçam o advento das legendas de aluguel e também a verticalização, sistema pelo qual as coligações eleitorais a nível federal devem ser reproduzidas nos Estados. "A pretendida desverticalização, pela qual já se anuncia que haverá recurso ao Supremo Tribunal Federal, evidencia a falta de coerência programática e ideológica dos partidos", sustentou.
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