Outro dia assisti a uma reportagem sobre o grande consumo de craque e cocaína entre os trabalhadores rurais de um dos grandes latifúndios onde se planta cana-de-açúcar e laranja, no interior de São Paulo, se não me engano. Fiquei pensando: a gente aprende na aula de história que a economia colonial escravocrata baseia-se na grande propriedade agrícola com produção voltada para a exportação e feita por mão-de-obra escrava, que o Brasil não é mais colônia e que a escravidão acabou. Daí você vê uma noticia dessa, onde o viciado-drogado é um trabalhador que ganha por produção diária e não tem direitos trabalhistas. - Quando uso as drogas viro uma máquina de trabalhar - disse o homem (escravo!) que está tentando ganhar um pouco mais para chegar na linha da pobreza. Ora, ora, mas é matemático: quanto mais o trabalhador produz muito mais ganha o patrão, logo quanto mais drogado o trabalhador maior o lucro do patrão! Vejam que bom negócio: e ainda o combustível sai do bolso do empregado! Uma solução é a sociedade brasileira unir-se para dar oportunidades reais de condições de vida, de estudo e crescimento a todos seus cidadãos. Afinal gastamos tanto para manter nossos homens nas prisões sem fazer nada então porque não gastar para recuperar os recuperáveis?
Nota do Editor: Mariza Taguada, professora de profissão e artista de coração, é paulistana e moradora de Ubatuba (SP) desde os velhos tempos.
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