João Teixeira Leite (Joanito) - Solteirão convicto, gostava da boemia. Apaixonado por motocicletas, teve várias, sendo a preferida uma Csepel 250cc, de procedência tcheca. Nas férias de julho, janeiro e no carnaval, desfilava sempre com até duas garotas na garupa da motocicleta, indo do Rancho do Galo, na praia do Perequê-Açú, até a praia do Tenório. Às vezes ia até a praia Enseada e aproveitava a reta da praia Grande e Toninhas para testar a potência da máquina, levantando uma poeirada só.

O primeiro playboy de Ubatuba

Por volta de 1956 chega o primeiro playboy em Ubatuba, ao volante de um belo automóvel conversível preto modelo MG-1954, o carioca Norman Casari, piloto automobilístico profissional, oriundo do Rio de Janeiro. Norman, veio para Ubatuba administrar a fazenda do pai, Sr. Antonio Casari, localizada no bairro do Mato Dentro, na Cachoeira dos Macacos, divisa com o Horto Florestal.

Arquivo Nenê Velloso

Como todo carioca, Norman Casari, era muito alegre e descontraído. Logo se tornou amigo de Joanito e de todos os jovens da cidade. Era também respeitador e muito estimado por todos. Norman, inconformado com a falta de garotas na cidade, o carro com problemas mecânicos na suspensão e já sabedor que fartura de garotas mesmo só nas férias de julho, janeiro e carnaval, as da cidade... nem pensar em convidá-las para dar uma voltinha de carro. Mediante os fatos, pede a moto emprestada do amigo Joanito e diz que vai ao Rio de Janeiro, buscar peças para o seu carro e uma garota. Ninguém acreditou! Duas semanas depois, para a surpresa de todos, retorna com duas carioquinhas com apenas 18 aninhos, na garupa da moto. Joanito, quando viu... perdeu a fala. Norman lhe entrega a moto e diz:

- Fique a vontade, meu amigo. Escolha uma!

- Essa eu escolho de olhos fechados.

As garotas ficaram na cidade mais de 40 dias. Nesse intervalo, Joanito não conseguia se concentrar no serviço. A cada quarentena eram feitas as trocas das meninas, até russa apareceu aqui. Anos dourados!

Mais tarde, Norman comprou uma moto Jawa 250cc e aos domingos ia à praia do Itaguá, com a maré baixa, exibir suas habilidades acrobáticas. Foi um domingo trágico, quando desfilava em pé e de braços abertos em cima da moto, a praia apresentava ondulações imperceptíveis deixadas pela forte maré vazante, provocando o desequilíbrio e consequentemente a queda da moto, fraturando o braço, clavícula e uma costela.

Norman voltou ao Rio de Janeiro para se tratar, após sua recuperação voltou e permaneceu aqui por mais dois anos. Recentemente, em reportagem da TV Globo, sobre o autódromo do Rio de Janeiro, foi apresentado como administrador. O inesquecível Norman Casari, morreu há uns três anos, após essa reportagem.

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