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COLUNISTA
Rui Grilo
28/05/2015 - 07h04
Educação e cultura popular
 
 

A minha apresentação diz que sou militante de educação popular. O que é isso?

A educação popular surgiu e ganhou força nos movimentos sociais e na luta pela democratização da sociedade. A educação tem como objetivo o empoderamento do povo, a transformação da sociedade e a melhoria das condições de vida. Para isso é necessário que o educando compreenda os mecanismos de funcionamento e de participação na sociedade. Para isso, o educador se coloca como um parceiro e mediador, consciente de que não existem pessoas sem cultura, mas sim de culturas diferentes e uma não é melhor do que a outra. Portanto, há todo um trabalho de recuperação da história e da identidade local. A cultura é vista como o conhecimento construído na relação do homem com o mundo. No processo educativo há uma troca de conhecimentos entre educando e educador.

Acabo de voltar de uma viagem por dez países: Peru, Equador, México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Costa Rica, República Dominicana, Cuba e Panamá. Por todos os lugares, o fato de me identificar como brasileiro facilitava o relacionamento e a comunicação. Apesar de muitos pontos em comum, percebi o quanto o Brasil está de costas para o resto da América Latina, que sabemos muito pouco sobre as diferentes culturas. Sempre tive o sonho de conhecer as pirâmides do Egito, e não imaginava que em pleno Miraflores, bairro elegante da beira mar de Lima, cercado de prédios, há uma pirâmide. Ao lado há uma amostra das plantas autóctones usadas pelos povos pré-colombianos. Diferente das pirâmides maias, construídas com pedras, as pirâmides de Lima são feitas de tijolos grandes de adobe. Para resistir aos tremores de terra, que na região são frequentes, existe uma folga entre os tijolos para permitir a vibração sem trincá-los. Próximo a Lima, há um sítio arqueológico mais amplo e com várias construções. Pode-se observar como eles aproveitavam as plantas e os diferentes tipos de terra para produzir tintas.

Em Cusco e Machu Pichu, as construções são de pedra. Em Cusco, dá para perceber que as construções têm a base de pedra e a parte de cima de alvenaria. Os espanhóis aproveitaram os alicerces de pedra, mas substituíram a parte de cima. Mais tarde, quando houve um terremoto, nada aconteceu aos alicerces, mas a parte superior foi toda destruída.

Quando fui a Machu Pichu, alguns anos atrás, fiquei intrigado com o tamanho das pedras da fortaleza de Sacsayhuaman e como conseguiram transportar tais pedras para o alto das montanhas. Mesmo hoje, com toda a tecnologia, seria muito difícil essa tarefa.

Em Matemática, o último número a ser construído foi o zero, que os maias já conheciam, o que revela o seu alto grau de desenvolvimento.

Em Xochimilco, no México, há as chinampas, ilhas flutuantes construídas sobre estacas e grandes estrados de madeira onde se colocavam terra, rochas, galhos e, sobre essa estrutura se construíam as habitações. As árvores e plantações desenvolviam suas raízes, alimentando-se dos nutrientes presentes na água, fixando as ilhas e impedindo sua movimentação. Em Xochimilco há vários canais, e ao lado desses canais se concentram viveiros de flores e hortaliças. Há grande quantidade de barcos, cada um com um nome de mulher, transitando com turistas, com mercadorias ou com mariachis que se apresentam mediante o pagamento de uma gorjeta. Parecia o Ceasa no dia da feira das flores. Confesso que gostei mais de Xochimilco que Veneza, além do fato de ser muito mais próximo.

Uma coisa que me chamou a atenção é o fato quase não se usar pão. Em quase todos os países da América Central predominam os alimentos a base de milho, batata, banana e mandioca, especialmente a tortilla, espécie de minipizza feita de milho. Sobre ela são colocados diferentes ingredientes: manteiga, mel, picadinho de carne, verduras... Fiquei me perguntando porque o Brasil foge a esse tipo de alimentação, substituindo o milho por trigo.

Procurei sempre usar transporte público e me alojar em casas de família, para maior interação e poder observar os costumes locais. Visitei dois jardins botânicos onde pude observar a variedade da flora. Nos mercados populares tomei contato com a grande riqueza e beleza do artesanato.

Pude constatar a grande riqueza da cultura popular e a forte influência indígena, que somente agora começa a ser valorizada. Em todos os locais, a maioria dos turistas eram europeus ou americanos.


Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor da rede pública de ensino desde 1971. Assessor e militante de Educação Popular.
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