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COLUNISTA
Evely Reyes
28/01/2018 - 07h42
Gestão consciente 1 X Crueldade 0
 
 
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Já dizia Mahatma Gandhi: “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.”

Os tempos mudaram e há muita gente iluminada que conseguiu perceber o quanto de dantesco existe nos entretenimentos em que animais não humanos são protagonistas.

Vaquejadas, Rodeios e Cavalgadas são três das formas mais comuns de abusos e maus tratos, nas quais são utilizadas esporas com rosetas pontiagudas, sinos ou sedém.

Na vaquejada, o boi, após agressões, pancadas e choques elétricos, é perseguido por dois vaqueiros a cavalo, um de cada lado, até o ponto de ficar entre ambos, para ser derrubado por gesto brusco de tração pelo rabo, num determinado trecho marcado da arena.

Quase sempre acontece a luxação das vértebras que compõem sua cauda, bem como o rompimento dos ligamentos e dos vasos sanguíneos, que resultam em lesões traumáticas.

Toda a medula espinhal fica comprometida, quando o rabo é arrancado, pois o golpe é violento e provoca lesões traumáticas muito dolorosas em virtude da conexão existente com os nervos.

Não é difícil de imaginar a extensão do desespero e do sofrimento destes animais, que podem até ter sido tratados com muito zelo e bem alimentados anteriormente, mas que no momento do evento passam a ser objeto de selvageria desmesurada.

Nos rodeios, os bichos permanecem nos currais para treinamento e mediante o emprego de estímulos dolorosos são condicionados ao comportamento desejado. Ficam apavorados com os gritos, fogos de artifício, a música ensurdecedora, chutes, pontapés e choques a que são submetidos para serem conduzidos à sua fatídica participação.

O sedém, conhecido objeto de tortura, é amarrado sobre os genitais do boi que vai ser montado. O incômodo e as dores são inúmeras e fazem com que o animal salte, pule e corra na tentativa de se desvencilhar desse tormento e nunca, por ser um bicho selvagem.
Até pimenta e outras substâncias abrasivas são introduzidas no ânus destes indefesos.

Nas competições de laço, os bezerros são lançados na arena, completamente apavorados, em fuga dos sofrimentos ocorridos nos bastidores dos rodeios, até o momento em que seus pescoços são tracionados por uma corda, para que subitamente estanquem no chão.
Nas cavalgadas, romarias e desfiles, cavalos, jumentos e mulas são usados para carregar pessoas nas costas, puxar veículos de tração ou para levar cargas.

As esporas são objetos pontiagudos ou não, acoplados às botas dos cavaleiros, e servem para machucar e golpear o animal no baixo-ventre, com lesões mais ou menos profundas e muitas vezes, não visíveis.

Como os chicotes, os freios causam dor e lesões nos bichos, que na maioria das situações são imperceptíveis. Para estancar o animal e ser devidamente comandado, os freios são presos contra o palato e causam enorme dor ao serem acionados, fazendo com que o bicho coloque a língua entre os ferros do freio, provocando mais desconforto ainda.

O que ninguém imagina é que, apesar dos cavalos, jumentos e mulas serem animais tão grandes, sofrem ao serem montados. Do ponto de vista fisiológico, a microcirculação da musculatura das costas é comprometida: após 20 minutos de montaria ela fica dormente e a partir de 25 minutos se produzem isquemias e ocorrem pequenas destruições de tecido muscular com consequente dor. Cavalgadas, desfiles e romarias são verdadeiras torturas para estes bichos, que podem vir a sofrer hemorragia pulmonar, ulcera e até ataques cardíacos.

Nenhuma tradição ou cultura tem o direito de existir fazendo uso de maus-tratos ou crueldade contra os animais e estará incorrendo em crime previsto no artigo 32, da Lei 9605/98. Não existe meio de se mitigar esse resultado, a não ser retirando os bichos da participação do evento.

Existem pessoas que não conseguem compreender que os animais são sencientes e, portanto, sentem alegria, prazer, dor, medo, sofrimento e pavor! Não é mero argumento utilizado por ativistas e protetores, mas sim comprovação da ciência com inúmeras pesquisas.

É certo que enquanto a brutalidade fizer parte do cotidiano e dos costumes de uma população, haverá distância muito grande para que ela conquiste a paz e a harmonia entre seus pares, pois todos estão interligados e têm a mesma essência!

Aos poucos, as pequenas vitórias passam a fazer parte da história da causa animal e o último dia 04 de janeiro, foi uma daquelas datas festejadas não só entre os ativistas e protetores na cidade de Conde-PB, como entre os que se encontram nas demais partes do Planeta, graças à velocidade com que a internet propaga as notícias. Aqui em Portugal, onde me encontro, o ato da Excelentíssima Prefeita Municipal foi objeto de muita comemoração e alegria.

Foi publicado no Diário Oficial do Município de Conde-PB o veto integral por inconstitucionalidade, do Projeto de Lei nº 054, de 2017, que tinha como objetivo instituir, no Calendário Oficial de Eventos do Município de Conde, o DIA MUNICIPAL DA VAQUEJADA, RODEIO E CAVALGADA. Após manifestação da Procuradoria Geral do Município, a Excelentíssima Prefeita, sra. Márcia de Figueiredo Lucena Lira, entendeu também pelo veto integral.

As cidades não precisam de datas que enalteçam crueldades disfarçadas de festejos culturais. Necessitam de ações efetivas que estimulem boas atitudes e façam expandir a compaixão dos seres humanos em relação aos animais.

Vaquejadas, Rodeios e Cavalgadas carregam em si a exploração dos bichos que delas participam. Ninguém deveria ter o direito de se divertir e se entreter às custas de maus tratos, crueldades e abusos dos animais não humanos, pois eles existem em razão de outros propósitos, que não o de serem escravos.

Os ativistas e protetores de Conde-PB encontram-se esperançosos de que mais iniciativas e politicas públicas voltadas aos bichos, tenham lugar no município e que o respeito e a dignidade no trato com eles sejam exemplos para as novas gerações.

É nas posturas que se têm e nos cuidados com estes seres indefesos que se consegue avaliar a nobreza dos corações humanos. Em relação aos caninos e felinos, por exemplo, existem Programas de Controle Populacional e de Adoções responsáveis que podem ser criados pelos órgãos competentes.

Há inclusive, em muitas cidades brasileiras, as Unidades Móveis de Castração, que percorrem os bairros mais longínquos, devidamente capacitadas ao atendimento básico e às cirurgias de esterilização dos animais domésticos e dos que vivem em situação de rua.

Com boa vontade, há muito a ser feito para que as doenças infeciosas não sejam transmitidas dos bichos para os seres humanos. O mormo, por exemplo, é uma zoonose conhecida desde o ano de 1811, que se julgava extinta, mas que ainda hoje acomete os equídeos (cavalos, burros e mulas) e pode tornar vítimas outros animais e seres humanos.

Posso dizer que, não só os condenses, como os demais protetores e ativistas que levantam a bandeira pela causa animal, sejam de quais cidades ou países forem, estão ansiosos e otimistas, na expectativa de atitudes por parte da Excelentíssima Prefeita, sra. Márcia de Figueiredo Lucena Lira, que venham a trazer bons resultados para os bichos e para a comunidade.

É questão de bom senso, de equilíbrio, de visão e com certeza o Universo vai conspirar a favor, afinal a cidade de Conde-PB merece e estaremos todos prontos a aplaudi-la.


Nota do Editor: Evely Reyes Prado, reyesevely@yahoo.com.br, paulistana, formada em Direito pela PUC-SP, morou em Ubatuba por vinte anos, onde aposentou-se pelo Tribunal de Justiça - SP e foi integrante da APAUBA - Associação Protetora dos Animais de Ubatuba. É autora de contos em Antologias diversas, e dos livros “Tudo Tem Seu Tempo Certo” e “Do Um ao Treze”, encontrados através do site www.scortecci.com.br.
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