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Crônicas
14/12/2020 - 07h09
Três viagens pela Ásia
Henrique Fendrich
 

Geralmente se diz que os livros permitem que as pessoas “viajem sem sair do lugar”. No entanto, na maior parte das vezes, as pessoas “viajam” para lugares já bem conhecidos: a França, a Inglaterra, os Estados Unidos - quando muito, a Rússia. Se, num ato raro, alguém decide ir à Ásia, quase sempre será para o Japão. Quem de nós viaja para o Azerbaijão e se relaciona com pessoas da Armênia e da Geórgia? O que conhecemos sobre esses lugares se aproxima do zero absoluto. Por isso, uma viagem para lá pode ser bem interessante, mas também muito prazerosa.

Pelo menos assim será se for feita por meio de “Ali e Nino”, história escrita por certo Kurban Said, pseudônimo de um personagem misterioso. Trata-se de uma história de amor, como costuma ser vendida por aí, mas o principal no livro não é amor, e sim o conflito cultural ente a Ásia e a Europa, revelado já nas primeiras páginas. Para nós que ignoramos até o mais básico sobre esses países, convém observar que eles ficam na intersecção entre os dois continentes.

Mais especificamente, o livro conta a história de um muçulmano do Azerbaijão e de uma cristã da Geórgia que, por uma dessas coisas da vida, acabam se interessando um pelo outro apesar das diferenças enormes entre as suas culturas. No meio da trama, há ainda russos, armênios, persas, cada um com os seus próprios costumes, cada um achando que quem não segue as suas tradições é bárbaro e selvagem - ou seja, nada muito diferente do que a gente faz.

As tensões étnicas e culturais ali apresentadas se mostram bastante presentes ainda na realidade de hoje, quando prestamos atenção ao que acontece no mundo. Se é verdade que certos costumes daquela região nos chocam, sobretudo os que dizem respeito ao papel da mulher, não deixamos de ser também, aqui e ali, confrontados durante a leitura com a nossa própria visão de mundo ocidental, a qual - admitamos - frequentemente entra em contradição com os tais valores cristãos que dizemos professar.

O livro inteiro é um grande confronto entre culturas, com uma tensão que prende a atenção, mas também com algum humor, e isso tudo em capítulos ligeiros e de fácil leitura. Vale bastante a viagem.

Já que estamos viajando, que tal uma passada pela Indonésia? Talvez você não saiba que há pela Ásia um séquito fiel do nosso García Márquez e que nele se inclui o indonésio Eka Kurniawan. Na obra “A beleza é uma ferida”, há muitos trejeitos comuns ao colombiano, como a história transgeracional, os personagens singulares que vivem na mesma aldeia, a intervenção do sobrenatural na vida cotidiana, os amores e as lutas de cada um, em histórias que se entrecruzam. De quebra, aprendemos também sobre aquele país - ou você já sabe alguma coisa a respeito do impacto da Segunda Guerra na Indonésia?

Quem também representa o time do Gabo na Ásia é a paquistanesa Kamila Shamsie. A sua obra “Sombras marcadas” não apenas é transgeracional, mas transgeográfica. A trama acompanha a história da japonesa Hiroko desde a queda da bomba em Nagasaki, em 1945, até os Estados Unidos à época do 11 de setembro. No meio, há capítulos na Índia e no Paquistão, além de incursões no Afeganistão, na Turquia, no Irã e no Canadá. Viajemos com ela.

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