O secretário da Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, acaba de tomar uma decisão drástica: obrigar os alunos - e também os professores - a voltarem às escolas paulistas em 2021. Justifica - em entrevista ao “Estadão” - que, com 3.200 das 5.000 escolas estaduais fechadas, a criança sofre um “massacre” educacional que poderá ter influência negativa por toda a sua vida. Por isso, vai convocar o pessoal e os alunos a voltarem às aulas no início do próximo ano letivo, sob o argumento de que as crianças e jovens não fazem parte do grupo de risco da Covid-19 e, respeitados protocolos, poderão frequentar as aulas presenciais em segurança. Pelo que diz, deve ter encontrado a forma de a criança não levar para casa o vírus que não a impacta mas pode prejudicar seus pais e, principalmente avós e outros familiares com comorbidades. Rossieli - que já serviu como secretário da Educação do Amazonas e ministro da área no governo de Michel Temer - além do lado profissional, traz a experiência pessoal de ver o filho adolescente diagnosticado em depressão depois de um tempo longe da escola e de ficar internado por 16 dias (alguns na UTI) com Covid. Ele defende para São Paulo e o Brasil o mesmo trato que outros países dão à questão, mantendo as escolas abertas e em funcionamento. Se diz dispostos a diligenciar junto aos pais para convencê-los sobre a conveniência de levar os filhos à escola. Lembra que Educação é direito da criança e dever do Estado, evidentemente que dentro de protocolos. Também não descarta a possibilidade de pais terem problemas com a Justiça se negligenciarem na educação dos filhos. Segundo o secretário, muitas escolas reformaram banheiros e outras instalações críticas e estão em condições de atender sua clientela. E isso autoriza a Secretaria da Educação a convocar os servidores - professores e outros profissionais - a retornarem ao trabalho presencial. Adiantou não temer greves, lembrando que isso é um problema a se resolver com os sindicatos ou, não havendo acordo, através da Justiça. A iniciativa - mesmo que careça de adaptações - é interessante. Coloca o setor fora da sinistrose do “fecha tudo”, adotada no começo do ano quando não haviam informações sobre o coronavírus e nem expectativa sobre as vacinas, que estão para ser disponibilizadas à população, priorizados os grupos de risco. Esperamos que a experiência pessoal de Rossieli lhe dê condições de fazer a boa transição da pandemia para a normalidade. E que, de resto, a sua atitude motive os operadores de outros setores a executar o mesmo, dentro das respectivas realidades e sem a desconfortável disputa política. É importante lembrar que, apesar do aumento da curva de infecção e mortes, a pandemia logo deverá ceder, principalmente se as vacinas cumprirem as finalidades que determinaram sua elaboração. Os responsáveis pelos setores vitais da sociedade têm o dever de avançar e, na medida do possível, buscar a volta à normalidade que se revelar possível. Mas é fundamental que o façam dentro de critérios técnicos e, principalmente, com orientação à população para, enquanto necessário, continuar se protegendo contra a proliferação do coronavírus. Lembrem-se que a perspectiva é boa, mas a pandemia ainda está presente e ameaçadora. Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).
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