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Opinião
16/01/2021 - 07h00
Régua curta, vida atravancada
Dartagnan da Silva Zanela
 

Não nos levemos tão a sério, mas não deixemos de levar a nossa vida com a devida seriedade. Sim, essa é uma observação simples, sei disso, mas que de modo não muito acanhado acaba por colocar algumas pulgas atrás da nossa orelha.

Falando nisso, lembrei-me de um velho dito que é atribuído ao sábio grego Protágoras, onde o mesmo teria afirmado que o homem seria a medida de todas as coisas. Tal aforismo é conhecido por todos nós e que, imagino eu, já deve ter dado muito pano pra manga naquelas conversas vadias regadas com muita cerveja e outros tipos de gole.

Os mais malandros sempre concluem nessas conversas que se somos a régua universal, tudo seria relativo, tudinho, menos os nossos juízos sobre todos.

Pois é. Mas a malandragem paga o seu preço e ele varia conforme o tamanho do abuso feito com os pesos e com as medidas da vida. Sem querer querendo, agindo desse jeitão meio sem jeito, acabamos por nos portar como se fôssemos um deus, sem sê-lo, obviamente.

Qualquer adolescente, ranhento e ranheta, é capaz de encher a boca pra dizer para si e para os seus iguais - que se acham muitíssimo diferentes de tudo e de todos - que ele não segue regra nenhuma, que ele faz as suas próprias regras e que assim ele seguirá vivendo a sua vida do jeito que lhe der na telha, fiel às suas ideias e valores. E é cada ideia que só por Deus.

Todos já fomos adolescentes – e alguns de nós continuam insistindo nessa parada - e sabemos o quão tosca é essa forma de ser porque, dum modo geral, a revolta contra o mundo e, particularmente, contra as orientações amorosas dos pais e dos mestres, nada mais seria que a manifestação da procura por afeição e aceitação dos seus iguais que, como ele, vivem de acordo com a média arbitrada pela massa, pela mídia e pelos cínicos e, ao fim de tudo, o pobre infeliz acaba agindo bovinamente ao mesmo tempo que acredita piamente que está sendo um baita agente de mudança social criticamente crítico.

Ver-se como a medida de todas as coisas, à primeira vista, parece ser algo libertador, porque somos vaidosos até a medula e, por essa razão, achamos isso o máximo. Porém, quando colocamos as mãos em nossa cabeça, e passamos a ouvir com mais atenção a dita cuja da nossa consciência, passamos a perceber que há outras medidas muito mais justas e esclarecedoras que aquela que é apontada pelo nosso rugoso umbigo.

Porém, como ignoramos com grande frequência os conselhos que nos são sussurrados por ela, pela nossa consciência, acabamos nos atravessando incontáveis vezes no carteado da vida.

Enfim, o problema nisso tudo é que, infelizmente, tanto na adolescência como na adultescência, nos levamos muito a sério ao mesmo tempo que não procuramos viver nossas vidas com a devida seriedade, imaginando que nossos juízos são os mais acertados que existem, apesar de nossa existência ser toda atravancada, do princípio ao fim, pela nossa insustentável incapacidade de crescer e servir sem, necessariamente, querer aparecer na praça, nos campos, em qualquer canto do nosso triste país.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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