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Opinião
03/02/2021 - 06h07
A quase greve dos caminhoneiros
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A anunciada paralisação de caminhoneiros, que poderia ter as mesmas proporções daquela de 2018, quando a classe parou e bloqueou durante 11 dias as principais estadas do país, não se repetiu nessa segunda-feira. Apenas manifestações pontuais, onde as reivindicações foram colocadas. Os transportadores atenderam ao apelo do presidente Jair Bolsonaro, para não bloquearem as rodovias. O ministro Tarcisio de Freitas, da Infra-estrutura, foi ouvido em um áudio de WhatsApp, que circulou entre os condutores, dizendo que o governo não tem condições de atender a todas as reivindicações, mas colocando-se à disposição para encaminhar e colocar em prática o que for viável. O pedido principal é a redução ou isenção da cobrança de PIS/Cofins sobre o óleo diesel, o cumprimento da tabela mínima de fretes resultante da paralisação de 2018, mudanças em leis de transportes que tramitam no Congresso e um marco regulatório para o setor.

A não deflagração do movimento pode ser vista até como um voto de confiança dos transportadores – principalmente os autônomos – ao governo e a possibilidade de se manter negociações sem que a classe venha a fechar as rodovia e novamente estabelecer o caos e o desabastecimento. O governo federal já conversa com a classe. É preciso agora que os estaduais façam o mesmo, pois também arrecadam impostos e podem contribuir na desoneração. As diferentes esferas de poder e as lideranças do setor precisam chegar a um consenso e, com isso, criar as condições para a continuação dos serviços com rentabilidade e saúde financeira, ainda que não seja nos níveis reivindicados. O levante de 2018 demonstrou, entre outras coisas, que os caminhoneiros são uma força capaz de parar o país e a falta dos seus serviços e de fluidez nas rodovias, nos levam ao caos. Daí a conveniência de ouvi-los e buscar o ponto de equilíbrio. Não esquecemos que naquela oportunidade o então governador de São Paulo, Márcio França, foi peça fundamental para pacificação e finalização do movimento.

Sabemos que o setor de transporte carece de normatização, equilíbrio e investimentos. A matriz transportadora hoje vigente não é a adequada a um país de dimensões continentais como o nosso. É penoso o regime de trabalho dos motoristas que atravessam o país para a movimentação de cargas que, num esquema mais apropriado, seriam transportadas por barcaças hidroviárias ou trens de longa e média distância, ficando para o caminhão apenas a ponta do trecho, entre os terminais hidroviários ou ferroviários e o consumidor. É assim que o setor funciona nos pontos mais desenvolvidos do planeta. Mas, da forma que nossa matriz foi desenvolvida, com prioridade cada vez maior para o caminhão, as correções têm de ser gradativas e bem estudadas, para não provocar a ociosidade das frotas hoje existentes e a cessação de renda de seus operadores.

O atual governo está concluindo ferrovias no Brasil Central e, ainda que timidamente, parte para a recuperação das linhas existentes nas regiões Sudeste e Sul, com o programa de integrá-las. Com isso poderá baratear os fretes e oferecê-los em maior tonelagem. Mas ao lado disso é preciso conseguir uma boa transição ao caminhão. Garantir sua participação econômica na diferenciação da matriz. Não podemos, como se diz popularmente, vestir um santo à custa do desnudamento do outro. Equilíbrio é tudo e garante o funcionamento harmônico da economia e da sociedade. 


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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