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Opinião
10/02/2021 - 06h27
É muita margarina para pouco pão
Dartagnan da Silva Zanela
 

E eis que o senhor João [tranca rua] Dória, solicitou de forma sofisticada a cabeça do comentarista Rodrigo Constantino. Se você não viu ainda esse trem fuçado, corre para o YouTube e dê uma olhadela no escândalo armado pelo Joãozinho margarina na Jovem Pan. Um tremendo “V” de vergonha.

Foi vergonhoso não apenas por tentar melindrar e calar o senhor Constantino, mas também pela forma como o governador se dirigiu a ele. Acusou-o de ser contra a “ciência”, contra a “verdade”, de ser um “negacionista”, “terraplanista”, “vassalo do governo Federal”, “guru do presidente”, “defensor de estupro” e por essa trilha seguiu o andor. Só faltou chamá-lo de fascista para fechar o pacote.

Eita mundão velho! É de enrugar as pelancas da testa o uso massivo e maçante que essas figuras fazem de expressões não-significativas para depreciar uma pessoa, independente do conteúdo daquilo que ele esteja falando. E, tal expediente, tornou-se a regra em praticamente todas as ilações das figurinhas, carimbadas ou não, da extrema-impressa, da esquerda “do ódio do bem”, dos isentões e similares.

E pior! Toda vez que um figurão rotula alguém, infindáveis figurinhas replicam o rótulo. De mais a mais, quando um caipora carimba alguém de “terraplanista”, “negacionista”, “fascista”, “racista”, “machista” ou algo que o valha, isso não significa, de jeito maneira, que o infeliz seja isso. Na grande maioria das vezes não é. Nesses casos, o que está em jogo é que os canastrões, que usam esses jargões, querem porque querem calar um infeliz, por isso marcam o indivíduo de forma similar ao modus operandi dos agentes da GESTAPO nos anos 30 do século passado.

Ou, como se diz atualmente, o que essa galerinha mais quer é cancelar todos aqueles que têm a petulância de dizer algo contrário às suas crendices ideológicas e que possam, de alguma forma, atravancar a realização de sua sanha insaciável por poder.

E, com o perdão da palavra, quem gosta de carimbinho é criancinha xarope. Pessoas minimamente maduras fazem como Adão: procuram dar os devidos nomes para as coisas, o que é tremendamente diferente de estigmatizar alguém. E se estiverem pau da vida, mandam o outro cachimbar formiga e fim de papo, vida que segue. Away.

Mas não é só com Doriana que se monta uma mesa para o café da manhã. Além do ocorrido com o Constantino, tivemos nessa semana o cancelamento do canal Terça Livre no YouTube. A conta foi deletada com todo o trabalho realizado pela equipe do Allan dos Santos. A justificativa apresentada seria que eles – a equipe do Terça Livre - estariam publicando materiais que feriam as regras da comunidade, sem indicar, é claro, quais seriam esses materiais e, obviamente, sem identificar o conteúdo que estava magoando as tais regras. Em resumo: eles foram censurados.

Bem, como dizia Stalin, as ideias são muito mais poderosas do que as armas. Ora, concluía ele, se não permitimos que nossos inimigos tenham armas, porque deveríamos permitir que tenham ideias?

Não estou dizendo com isso que os responsáveis por esse ato vil de censura, juntamente com aqueles que comemoram o “cala boca”, sejam stalinistas. O que estou apontando é que o raciocínio subjacente a essas ações – de censurar e comemorar a censura - refletem em gênero, número e grau as palavras do velho Koba.

É claro que a turma do “ódio do bem”, da extrema-impressa e similares, bateram palminhas para essa arbitrariedade e, é claro, disseram que isso foi muito bom para defender as “instituições democráticas” contra “atos antidemocráticos”. É. Essa gente sempre acha muito “democrático” calar os adversários, como também acham tremendamente “científico” impedir que sejam levantados questionamentos que lhes pareçam inconvenientes.

Caramba! Já repararam o quanto a palavra democracia, e suas variantes, são utilizadas por aqueles caboclos, cheios de libido autoritário e tesão totalitário, para se autorreferenciar? Eles, no entender deles, realizam sempre atos “pró-democracia”; já os outros, que discordam deles, seriam invariavelmente “fascistas”, “homofóbicos”, “machistas”, “racistas”, “terraplanistas” e, é claro, “antidemocráticos.

Pois é. Por essas e outras que o Joseph Stálin, também dizia que a imprensa é a arma mais poderosa que há e, por isso mesmo, ele não permitia que as pessoas tivessem em suas mãos a possibilidade de exercer a tal da liberdade de expressão e pensamento.

Por fim, sei que tudo isso que aqui escrevinhei são um monte de obviedades. Não precisa nem dizer. Sei disso. Mas, como nos ensina Chesterton, muitas vezes é preciso que alguém ouse lembrar que a grama é verde, que os pássaros voam, que a luz alumia e que censura é coisa de gente que não presta.


Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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