16/04/2024  03h56
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
14/02/2021 - 06h05
O Carnaval, sem Carnaval
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Pelo que aponta o calendário, estamos em pleno Carnaval. Mas a realidade sanitária do país (e do mundo) nos impõe um quadro diferente. Desde a virada do Século 19 para o 20, tivemos Carnaval todos os anos em território brasileiro. A festa chegou no Século 16, quando os portugueses trouxeram para cá o entrudo. Pelo que se sabe, essa será a primeira vez que não se realizará em nenhum dos seus segmentos. Os registros históricos revelam que, em 1892, o ministro do Interior tentou transferi-la de fevereiro para junho, argumentando ser aquele mês mais adequado porque fazia frio e haveria menos problema com o lixo resultante. No formato de então, as pessoas saíam às ruas fantasiadas para se atacarem com farinha, água, limões de cheiro e até dejetos humanos, deixando por onde passavam um malcheiroso rastro. Em 1912, o ministro das Relações Exteriores, Barão do Rio Branco, morreu uma semana antes do Carnaval, O governo decretou luto oficial e transferiu a folia para 6 de abril. Mas o povo não respeitou e, como resultado, naqueles anos, ocorreram dois carnavais.

Embora distantes, os precedentes ainda trazem preocupação neste ano, quando o cancelamento se dá por razões sanitárias e, principalmente, de vida ou morte. Não é à toa que o poder público está mobilizando suas forças de fiscalização e policiamento para evitar que a desobediência civil promova desfiles ou bailes informais e, com isso, provoque o aumento da infestação. Por mais vontade que tenham, os foliões e aqueles que têm no Carnaval sua fonte de renda, precisam compreender o momento extraordinário. Evitar atitudes que possam potencializar a Covid-19 e prolongar a sua presença em território nacional.

O Carnaval, além de festa popular muito ao gosto do brasileiro, é fonte de renda a milhares – talvez milhões de pessoas – que montam e atuam em bloco, escolas de samba, desfiles e bailes. Movimenta o turismo e a economia das localidades onde os eventos ocorrem. A não realização representa frustração de ganhos. Mas os protocolos sanitários, que proíbem a aglomeração e estabelecem o distanciamento mínimo de um metro e meio entre as pessoas, inviabilizam os acontecimentos carnavalescos, onde a interação entre os participantes é total.

Os empresários de maior porte que atuam no setor já direcionaram suas atividades para a festa de 2022. Vão trabalhar para que, vencida a pandemia, ela retorne com força e, possivelmente, sem muitos protocolos limitantes à sua realização. As autoridades governamentais e sanitárias só poderiam suprimir o Carnaval 2021, visto que estamos com nível alto de infestação e mortes e a pandemia deverá durar pelo menos mais alguns meses, até que a maior parte da população esteja imunizada pela vacina. Recorde-se que os governantes chegaram a ser criticados por, em 2020, nas primeiras informações do alastramento do coronavírus pelo mundo, não terem cancelado o Carnaval. Releve-se, no entanto, que naquele instante ainda não se tinha conhecimento da magnitude do problema.

As localidades, assim como os estados e a própria União, pelos seus órgãos que arrecadam em função do turismo e das demais atividades carnavalescas, têm hoje o dever moral de socorrer a grande massa dos realizadores da festa, que ficou sem sua fonte de renda e subsistência. As empresas da área precisam ser apoiadas – talvez com linhas de crédito – para suportar o período de inatividade, e os trabalhadores ora desocupados, reservadas as proporções e diferenças de atividade, devem ser apoiados com algo parecido ao seguro-defeso, que o governo proporciona aos pescadores no período em que a pesca não é permitida. Questão de isonomia e justiça social...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.