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Opinião
08/03/2021 - 07h53
Duas décadas de rusgas e incompreensões
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Bolsonaro tem adjetivado forte para se contrapor aos seus críticos e adversários. A postura, salvo melhor juízo e fora sua característica pessoal, é decorrente do ambiente polarizado que encontrou ao se eleger e assumir o governo. Recordemos que o país vive clima político hostil há quase duas décadas, desde o surgimento das primeiras denúncias de corrupção no seio do governo petista. Valdomiro Diniz, um dos assessores mais próximos do então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu - tido na época como “primeiro ministro” de Lula, foi gravado em 2002 pedindo propina ao empresário e bicheiro Carlinhos Cachoeira, para abastecer o próprio bolso e campanhas eleitorais. O episódio, além de resultar no afastamento e condenação do assessor, também levou de roldão o ministro, que era deputado federal licenciado e teve seu mandato cassado. A seguir vieram os mensalões, as manifestações populares contra o governo e em oposição à Copa do Mundo e aos Jogos Olímpicos, onde pontificaram extremismos contra e pró-governo, entre eles os ditos blackblocs. Isso sem falar da Operação Lava Jato, cujos crimes desvendados ainda permanecem na retina da população.

O impeachment de Dilma Rousseff foi mera consequência de uma série de problemas começados nos oito anos de Lula, que só não foi afastado porque dispunha de base de sustentação, que depois ficou-se sabendo, conseguida através da distribuição de dinheiro ilegal injetado nos mensalões, petrolão e outras formas de comprar apoio político e parlamentar. A revelação do modus-operandi e a inabilidade de Dilma acabaram levando à derrocada e até a prisão de Lula. Mas os petistas e seus aliados não se deram por vencidos e ainda defendem a tese de que o impeachment, legalmente tramitado, foi um “golpe”. Bolsonaro decolou nesse ambiente conturbado, onde os perdedores não se conformam e mantém a polarização na tentativa de ainda rearticular o poder perdido. Suas falas não podem ser classificadas como as mais felizes e apropriadas, acabando por ensejar as narrativas dos adversários.

Nessas duas décadas de tormenta, a classe política descobriu o caminho do Judiciário e, para demérito e insegurança próprios, partiram para judicializar questões que não conseguem solucionar no parlamento e no relacionamento desse com o governo. Isso leva o Judiciário a situações embaraçosas como o impedimento do presidente nomear o diretor da Policia Federal, a decretação da prisão de um deputado (que a Câmara, mais estranhamente, referendou), a pronunciamentos e decisões eminentemente políticas dos ministros das cortes superiores e até a arroubos como o do juiz de primeira instância que, dias atrás, deu prazo de 72 horas para o presidente da República - que é detentor de foro privilegiado - explicar a troca do presidente da Petrobras. Ficou sem resposta, pois quem pode questionar o presidente é só o STF.

Já passou da hora de voltarmos à normalidade. Os perdedores fariam melhor se em vez de tentar impedir os vencedores de governar, fossem se preparar para o embate do próximo pleito. O presidente faria melhor se contivesse seus nervos. Os parlamentares - especialmente os radicais - deveriam se abster de judicializar as questões que não conseguem modular no próprio meio. E o próprio Judiciário, que tantas e importantes tarefas tem pendentes sobre suas mesas e prateleiras, deveria priorizá-las em vez de se imiscuir em questões de competência do Executivo e do Legislativo. Os três poderes são importantíssimos e, somados, constituem a República. Mas, da forma que temos visto acontecer, acabam se anulando e o prejuízo é da sociedade. Observemos o artigo 2º da Constituição: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Cumpra-se...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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