Pelejo - desde adolescente - para ser uma pessoa racional, ou seja, para agir de acordo com a razão. Nunca consegui e não consigo ainda hoje já velho. Sim, sei que por isso perdi algumas oportunidades de melhorar e ascender na vida. Mas para isso teria que ser racional e pensar mais em mim mesmo, ter ambição, concorrer e em nome da concorrência agir egoisticamente. Preferi sempre ouvir a voz do coração. Sofri muitas críticas: besta, retardado, retrogrado, idiota... E as broncas: "Vai ficar marcando passo!". "Vencido!", "Perdedor!". Recebi críticas até de grandes amigos e de parentes.

Não me arrependo de ser meio arredio à razão, de ser um fiel seguidor da voz do coração. Não que seja um mero sonhador, aluado, radical, mas alguém que prefere ficar com seus sentimentos e valores. Nunca seria feliz sabendo que conseguira algo de forma egoísta e passando por cima de outros. Nunca abandonei meus sonhos que não têm nada a ver com poder, mando ou dinheiro. Continuo o mesmo. Detalhe: nunca dei satisfações a ninguém do meu estilo de vida. Uma religiosa que sempre conversava comigo, sabia que eu não era religioso, diante da minha resistência à razão, sempre repetia a máxima de Pascal: "O coração tem razões que a própria razão desconhece". É verdade. Inté.