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SEÇÃO
Crônicas
01/04/2021 - 06h18
Histórias da ditadura militar
Maria Angélica de Moura Miranda
 
Arquivo MAMM 

Neste dia 1º de abril de 2021, quando certamente algumas pessoas nem vão lembrar, estaremos relembrando o golpe militar de 1964.

Aqui no Litoral Norte são poucos os registros sobre essa época, mas com a chegada da Petrobras em 1961, a cidade virou Zona de Segurança Nacional e são muitas histórias sobre abusos, que algumas pessoas sofreram. Dos vereadores da época a maioria foi preso e a família hoje em dia nem gosta de falar sobre o assunto.

Trago porém uma história que conheço e já escrevi sobre ela no livro “O sonho de Julieta”, de Priscila Siqueira em 2013.

Um dos vereadores da época o Antônio Bernardino Tavares, o “Bigode”, comerciante do bairro de São Francisco da Praia, liderança entre os pescadores, foi presidente da Colônia de Pescadores, tem uma história que nos mostra como era a situação naquele tempo.

Meu pai Álvaro Moura, foi vereador pelo Partido Comunista e quando ele faleceu eu tinha somente 10 anos, mas seus amigos seu Alvinho, Nelson Vermelho e outros, me contavam o seguinte:

As pessoas se diziam comunistas, mas na verdade eram socialistas, só queriam o bem estar das pessoas, trabalhar e tocar a vida, se diziam comunistas pois acompanhavam pelo rádio e por jornais os acontecimento em Santos, onde o movimento teve raízes profundas.

Como os barcos de pesca e lanchas passavam aqui para cumprir o trajeto do Rio de Janeiro até Santos, eles acompanhavam de perto toda essa movimentação.

Havia porém um acordo entre eles, se fossem presos negariam que eram comunistas, uma vez que assim poderiam evitar situações ainda mais constrangedoras e até perigosa. Havia um romantismo em relação à política, eles na verdade eram contra a intervenção militar, que já se mostrava totalmente fora de propósito.

Certa vez perguntaram para um vereador de São Sebastião, durante um depoimento colhido na ditadura militar se o general Mário Rego Monteiro, que estava construindo o Terminal, era comunista. Até general eles achavam que era comunista!

Mas voltando ao “Bigode”, entre os que ficaram preso esse foi o que mais apanhou, pois com ele a fala de que não era comunista não foi aceita pelos algozes, uma vez que tinham nas mãos a cópia da certidão de nascimento do seu filho que se chama “Luiz Carlos Prestes Tavares” e tinham conhecimento que o cachorro da sua casa chamava-se Castello Branco, o nome do presidente da República.

Essa história precisa ficar registrada uma vez que o Luiz Carlos, carrega até hoje a homenagem que seu pai fez ao “Cavaleiro da Esperança”.


Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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