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Crônicas
04/04/2021 - 09h08
Na época da ditadura militar...
Maria Angélica de Moura Miranda
 

Ainda na época da ditadura militar, aconteceu comigo um caso muito engraçado. Meu pai havia construído o prédio da Marinha, que hoje está ao lado da Casa do Mel, na Rua General Osório, mas ele e os amigos ficaram muito tristes pois os presos por motivos políticos de São Sebastião eram levados para lá.

Já colhi o depoimento de muitas pessoas que tiveram que prestar esclarecimentos noite adentro nesse lugar.

Uma época, que eu não sei precisar quando, foi construída pela Marinha uma casa na rua Armando Salles de Oliveira, perto da minha casa, que era onde o comandante vinha morar com a família.

Não lembro o nome do comandante, mas os filhos chamavam Margarida e Willian, eram nossos conhecidos. Frequentavam o Tebar e os mesmos colégios pois naquela época não havia escola particular por aqui.

O cinema, era um dos nossos passeios preferidos, e o mais interessante era que, a tela do cinema ficava nas costas de quem entrava, então as pessoas mesmo sentadas tinham uma visão privilegiada de todo o ambiente.

Lá fui eu pro cinema assistir sabe-se lá que filme, mas depois que eu estava sentada, o Willian veio e sentou-se ao meu lado.

Naquele tempo passava muita coisa antes de começar o filme, e as pessoas andavam pra lá e pra cá, tinha até um funcionário do cinema que punha pra fora os mais engraçadinhos.

Bem, eu estava distraída e de repente o Willian me agarrou e deu um beijo. Minha reação foi imediata, peguei pelo colarinho da camisa e dei uma surra nele, acho que ele chegou até cair no corredor entre as cadeiras.

Não sei se dá pra entender, mas todo mundo assistiu a cena, ele depois levantou e saiu correndo. Virou um furdunço, as pessoas riam e comentavam.

O comentário na cidade depois disso era que eu era sapatão, e eu me defendia.

Ele não era meu namorado, como que vem me dar beijo???

Até a minha mãe chamou a minha atenção por causa disso, mas eu tinha um irmão mais velho e era acostumada trocar socos e chutes com ele.

Os moleques da época não perdiam uma piada e por isso, quando ele chegava em algum lugar falavam:

- A Maria está te procurando!

Depois com o tempo eles foram embora e nunca mais o vi, esta semana fiquei sabendo que o Willian faleceu vítima da Covid-19, a Débora minha irmã mais nova, mandou uma mensagem no whats:

- Maria, o Willian, aquele que foi seu namorado morreu de Covid.

- NÃO ERA MEU MANORADOOOOOOOO!!!!!!


Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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