Ontem recebi um telefonema de uma religiosa que é minha amiga e a quem muito respeito. Nunca discutimos sobre religião, mesmo eu não sendo religioso e ela religiosa muito convicta e praticante. Um exemplo de religiosa e de pessoa tolerante. É alguém afável, terna, educada, democrática e, além disso, muito divertida, tem muito senso de humor, coisa rara nos muitos religiosos. Num ponto ela concorda comigo: sem a emoção da solidariedade ninguém é cristão de verdade. E não adianta fantasia de religioso se não se vive o Cristianismo no cotidiano. Quando raramente falamos sobre o pecado, ela sempre lembra uma frase de Anatole France: "A religião prestou ao amor um grande serviço, fazendo dele um pecado". Mas ontem ela me surpreendeu e me fez rir que engasguei e até tive que usar a bombinha. Perguntei brincando a ela se na Semana Santa ainda era pecado comer carne. Ela respondeu na hora que nem caldo de cana: "Irmão, comer carne aqui não é mais pecado, é milagre!". Ela tem razão, o povo não está mais conseguindo nem comprar carne de segunda. Juro. Inté.
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