Por tradição religiosa da Igreja Católica, cada cidade ou município tem o seu Padroeiro. Nascido na zona rural do município de Glória, no sertão da Bahia, lá o Padroeiro era Santo Antônio. Na cidade vizinha, mais próxima de nós, bastando atravessar o rio, o Padroeiro ainda é São Francisco, do município de Petrolândia, sertão de Pernambuco. Um pouco mais distante, cerca de 5 léguas ou 30 quilômetros, a cidade de Tacaratu, também em Pernambuco, tem como Padroeira Nossa Senhora da Saúde.

Talvez pelo nome, via sempre, desde criança, maior devoção a ela. Nas peregrinações de sua imagem, uma vez ela pernoitou em nossa casa. Assim, além dos seus peregrinos, atraiu pessoas das adjacências, realizando-se ali um leilão em prol da Santa, com oferendas dos visitantes. O leiloeiro frisava o quanto dadivosos eram os seus féis, enumerando os bens que a sua Paróquia possuía, como animais e propriedades, em nome de Nossa Senhora da Saúde. Ora, o homem do campo, sempre lhe ofertava, um bezerro, um boi, uma vaca e até alguns terrenos, onde o que se produzia era destinado à Santa protetora da saúde. É tanto que o próprio leiloeiro chegou a admitir que "Nossa Senhora da Saúde era a maior fazendeira da região".

Minha mãe, naturalmente pela tradição e respeito à fé católica, dava toda a acolhida, mesmo com o trabalho de acolher tanta gente em sua modesta casa, tendo de abater alguns animais para o jantar dos peregrinos. Mas, no dia seguinte, levada pelo cansaço, revelava-nos que a sua fé era outra. E citava Êxodo 20-4, "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus..."

Percebíamos que ela torcia mais pelos evangélicos, à época chamados de protestantes ou crentes.