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O mexilhão (Perna perna) é um tipo de molusco muito apreciado pelos caiçaras, pois é encontrado em grande quantidade e hoje já temos até a maricultura, que começou a ser pesquisada em 1963 pelo Cebimar, conforme os registros no livro: Cebimar: 40 anos de USP, editado em 2002. Ele se alimenta de detritos orgânicos e plâncton, vive em águas de até 10 metros de profundidade e sua concha marrom, amarela-esverdeada, chega à 7 centímetros. Porém eu observei uma coisa bem interessante, na minha infância [em São Sebastião, SP], década de 60, na casa da minha mãe e da minha avó a casca do mexilhão era tirada na primeira fervura. Muitas vezes fiquei tirando a casca à pedido da minha mãe e da minha avó. Com a abertura da estrada SP-55 e a chegada dos turistas, os restaurantes passaram a servir o mexilhão com a casca, primeiro por que o prato fica mais bonito, mas certamente para servir menos mexilhão. Até o Lambe-lambe, prato tradicional de mexilhão com arroz, foi adaptado com a casca. Na minha infância não era assim. Naquele tempo as cascas dos mariscos não eram bem-vindas na cozinha, faziam um fogo à lenha no quintal e depois que fervia, tirávamos as cascas, na cozinha só entrava a carne. Esse tipo de marisco tem um sabor peculiar que agrada os turistas e é muito fácil de encontrar nos costões rochosos que compõe a paisagem do Litoral Norte Paulista, muitas famílias tem esse trabalho como um reforço na renda.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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