Em 2014, publiquei um livro chamado “Alma Caipira e Caiçara”, a caiçara era eu, o caipira era o Manoel Lopes Pereira, o “Maneco” de São Luiz do Paraitinga. Logo depois, Ilhabela (SP) trabalhou esse livro no EJA - Educação de Jovens e Adultos, por isso fiz algumas palestras para os alunos. Uma das coisas que eu fazia questão de falar era sobre a diferença da comida caipira para a comida caiçara. A comida caipira leva em conta que a pessoa vai para a roça trabalhar e precisa ficar bem alimentado pois o serviço é pesado. Então temos frituras e misturas pesadas e também farofas com miúdos, enfim, um tipo de comida feita no fogão a lenha que tem muito valor calórico. Já a comida caiçara, é na maioria das vezes, sem muito tempero, o peixe é seco, o camarão é desidratado a farinha de mandioca é torrada, mas leve e muita fruta: banana, cana, goiaba. A comida do caiçara traz a influência indígena, e principalmente é muito leve pois o caiçara trabalha no mar, e a qualquer momento precisa mergulhar para soltar a rede ou trazer o peixe que se entoca nas pedras, não pode correr o risco de ter uma congestão. Por isso quando os alunos me perguntavam sobre a diferença entre essas duas culturas eu já explicava com detalhes a diferença na culinária que fica bem clara. Mas fazia sempre uma provocação, vejam que essa mania de desidratar os alimentos que o caiçara faz é antiga e moderna, nós fazemos isso por causa dos índios, mas os astronautas quando partem em uma expedição espacial levam a comida desidratadas e quando vão comer reidratam exatamente como os índios faziam. Isso despertava a curiosidade deles, e a maioria ia ver na internet, para saber se era verdade mesmo. Pode pesquisar, está lá!
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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