29/03/2024  03h13
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Crônicas
16/05/2021 - 06h25
Amizade desfeita
Dartagnan Ferraz
 

Penso que já contei um caso envolvendo meu saudoso avô paterno que morreu quando eu tinha apenas um aninho de idade. Um causo portanto ocorrido há mais de setenta anos. Vou, talvez, recontá-lo porque um amigo de Arcoverde achou exagerada uma frase do cronista Antonio Maria que coloquei num teto: "Amizade é como perna de cavalo quando se quebra, não conserta mais nunca". Vou tentar prova com um fato que se tornou célebre na nossa região e envolveu, repito, meu avô paterno.

Ele morava na cidade da Pedra, vizinha de Arcoverde e seu melhor amigo era o coronel Antonio Japiassú, primeiro prefeito de Arcoverde. Eram amigos tipo unha e carne. Mas devido a uma disputa política divergiram, discutiram e a amizade foi pro beleléu. Deixaram até de se cumprimentar.

O tempo passou e um dia o coronel discutiu com um caboclo por causa de uma cerca. Discussão ácida. Conseguiram separar os dois, mas o caboclo jurou que mataria o coronel. Este nem ligou, era um homem de grande coragem pessoal. Um dia vindo sozinho da casa de um parente, o caboclo que estava escondido atrás de uma árvore que ficava em frente da casa do coronel, saltou na sua frente armado com uma peixeira. O coronel foi rápido puxou o revólver e matou o caboclo. Ocorre que nessa época o coronel estava de baixo, então seus inimigos aproveitaram para acionar a polícia. Detalhe: o coronel não estava com o seu cavalo. Não poderia fugir.

Sabedor do fato, o meu avô mandou um filho (meu pai) selar o seu cavalo de estimação e levá-lo para o coronel fugir. Ele fugiu. Durante meses ficou escondido na Paraíba. Mas aí o governo caiu e o partido do coronel foi pro poder. Ele voltou e se submeteu a julgamento. Foi, claro, absolvido. A primeira coisa que fez livre foi pegar o cavalo para a casa do meu avô.

Lá chegando, no portão avistou meu avô sentado numa cadeira de balanço no alpendre lendo um livro. Antes que pudesse dizer qualquer coisa meu avô disse ríspido:

- Amarre o cavalo no portão e vá embora. Não precisa agradecer porque se o caboclo tivesse matado você eu mandava meu cavalo para ele fugir. A intriga continua.

O coronel amarrou o cavalo e foi embora, sem dizer uma palavra. Amizade é mesmo como perna de cavalo quando quebra. Inté.

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "CRÔNICAS"Índice das publicações sobre "CRÔNICAS"
31/12/2022 - 07h23 Enfim, `Arteado´!
30/12/2022 - 05h37 É pracabá
29/12/2022 - 06h33 Onde nascem os meus monstros
28/12/2022 - 06h39 Um Natal adulto
27/12/2022 - 07h36 Holy Night
26/12/2022 - 07h44 A vitória da Argentina
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.