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COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
17/05/2021 - 06h27
Transplante de corpo
 
 

Antropotectomia. A expressão foi cunhada originalmente pelo venerável e nunca suficientemente louvado Mestre Duña, em um de seus incontáveis rompantes proféticos. À época – e lá se vão quinze anos –, este nosso manancial inesgotável de sabedoria fazia sua costumeira preleção dominical às margens do Rio Jaguari.

Dizia o Iluminado, naqueles saudosos tempos: “Estando preservado o cérebro e os contornos básicos da face do paciente, já que são estes os diferenciadores fisiológicos que determinam se uma pessoa é de fato ela mesma, tudo o mais pode ser descartado e reinserido. E em uma única cirurgia, com duração estimada de duas semanas, computados aí os dias úteis e os inúteis”.

O problema é que o assunto dá margem a polêmicas discussões filosóficas, éticas e religiosas. Por exemplo, aqueles que acreditam que o coração, além de bombear sangue, é também o centro da bondade e da maldade, irão reprovar a substituição do órgão. Porém, mais uma vez citando Duña, o bem-aventurado, antropotectomia que exclua o coração não é antropotectomia na acepção plena da palavra.

Uma outra parte da comunidade médica poderá ainda contestar a viabilidade prática desta múltipla intervenção, argumentando que o defunto doador precisará falecer gozando de saúde perfeita, para que o aproveitamento da carcaça seja de 100%. Ocorre que uma pessoa tão saudável assim não morre sem mais nem menos, a não ser em casos de morte matada ou acidente. E, em tais circunstâncias, o estrago à carcaça costuma ser grande.

Já outros medalhões da medicina afirmam que seria muito mais fácil fazer o caminho inverso. Ao invés de tirar tudo do morto e passar para o vivo com o organismo todo comprometido, seria muito mais fácil extrair o cérebro e o coração do vivente e inseri-los no defunto, provocando no mesmo uma reanimação com choques elétricos de alta voltagem.

Obviamente que um procedimento tão complexo irá custar dos olhos da cara. E, na eventualidade do paciente ser um “unha de fome”, é recomendável a extirpação das mesmas, tanto das mãos quanto dos pés, antes de apresentar a conta do hospital.

Esta é uma obra de ficção.


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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