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Opinião
17/05/2021 - 06h29
Separar corruptos e honestos
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Noticia-se que o governador de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB-DF), teria destinado R$ 7 milhões do chamado orçamento secreto para cidades do Piauí onde possui fazendas de gado. Em princípio é uma alta irregularidade, pois ele é governador do Distrito Federal e não tem porque arregimentar verbas para outras unidades da federação mesmo que, pessoalmente, nelas possua propriedades ou interesses empresariais. Pior se os recursos remanejados fossem originalmente destinados ao DF e péssimo se, de alguma forma, serviram para beneficiar as propriedades do governador. Há um rosário de suposições lançado ao ar, que clama por esclarecimento para, à luz do apurado, se propor medidas contra as irregularidades cometidas tanto pelo governador quanto por outros envolvidos se forem verdadeiras ou, em caso contrário, dar-lhes os subsídios necessários para processar criminalmente e pleitear reparação cível dos que tenham denunciado sem ter como provar.

Infelizmente vivemos um tempo em que os inventivos bocas frouxas, por diferentes razões, criam e espalham boatos e inverdades sobre seus adversários políticos, empresariais e até pessoais. Muitos casos denunciados ruidosamente acabam caindo na prescrição e no esquecimento sem que sejam esclarecidos. Se por um lado os denunciados não são obrigados a formar provas do contrário, também não têm a oportunidade de chamar à responsabilidade quem os envolveu indevidamente, quando esse é o caso. O clima de impunidade é uma tônica e, com toda certeza, deve beneficiar os que realmente cometem irregularidades e se locupletam pela falta de credibilidade generalizada do meio e até das instituições.

O senso geral de que “todo político é ladrão” – que ouvimos desde os tempos de criança, é terrivelmente injusto. Embora existam no meio os execráveis delinquentes que deveriam estar todos na cadeia (mas não estão e alguns até foram soltos por poderem pagar boas defesas), há uma imensa maioria de políticos bem intencionados e conscientes de suas obrigações que, muitas vezes, não conseguem levar avante seu trabalho por conta dos esquemas verdadeiramente criminosos que interferem no meio político. Por conta disso e dos interesses subalternos daquela minoria que controla partidos e regiões, há na política o baixo clero que, para sobreviver, sucumbe aos esquemas e também ganha o nome de corrupto sem jamais ter roubado. Enfraquecidos, eles apenas cuidam de sobreviver, mesmo que à custas da perda da dignidade.

Não queremos crer ou deixar de crer naquilo que falam do governador de Brasília. Mas esperamos que ele próprio seja capaz de promover os esclarecimentos e haja mecanismos oficiais confiáveis capazes de aferir a veracidade do que disser, até como forma de tranqüilizar a população sobre o assunto. Especialmente quem nele votou para o governo brasiliense e hoje podem estar desapontados com a possibilidade de ter transferido para territórios vizinhos às suas fazendas verbas que poderiam estar resolvendo problemas locais.

Enquanto não tivermos instituições fortes e independentes com capacidade para investigar e dirimir dúvidas, teremos o denuncismo de execração que se lastreia na impunidade dos destruidores de reputações. No meio militar, quando há dúvida sobre alguém, é mais fácil ele ser punido do que sobreviver. “É preferível ter fora do quartel alguém honesto que não conseguiu provar sua inocência do que manter um suspeito na tropa”, reza a velha cartilha. O mesmo deveria ser observado no meio político-institucional. Livraria a classe da imagem negativa que hoje faz o povo desprezar até os que agem corretamente mas sofrem o reflexo dos errantes que conspurcam o ambiente. Parlamentares e os centros do saber legal e jurídico fariam muito bem ao país se desenvolvessem uma legislação mais severa para punir a corrupção e os desmandos político-administrativos, tomando por base o que fazem os países mais desenvolvidos, independente da ideologia. Corrupção não tem matiz ideológico, é apenas crime a ser punido.

Ibanheis e todos os políticos e administradores que sofrerem algum tipo de denúncia têm de ser rigorosamente investigados. Isso lhes dará chance de defesa em caso de falsidade da acusação e, se positiva, servirá para deles livrar o meio político e a sociedade. Chega de corruptos e de impunidade!...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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