Concordo que ninguém deve sucumbir ao sentimento negativo do orgulho excessivo, o qual faz do orgulhoso um preconceituoso e vaidoso ao cubo. Acho uma verdade abissal o que disse Santo Agostinho: "O orgulho é a fonte de todas as fraquezas, porque é a fonte de todos os vícios". Na verdade, é deplorável e extremamente ridículo a pose de pavão de alguns (parecem mais capões suados), às vezes sem nada que justifique o orgulho (e o preconceito). Sem dúvida não gostam do que disse Leonardo da Vinci: "Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento que se sintam humildes. É assim que a espiga sem grãos ergue desdenhosamente a cabeça para cima, enquanto as cheias baixam para a terra, sua mãe". Mas se condeno o orgulho imbecil, o mesmo não acontece com aquele orgulho que é tipo amor-próprio. Gosto do que disse Clarice Lispector: "Tenho meus limites. O primeiro deles é o meu amor próprio". Vejam bem, acho que precisamos daquele orgulho natural que se confunde com o amor próprio. Não podemos abrir mão de sentir orgulho de nossa história, de nossa memória, de nosso passado, de nossa baú de lembranças. Dia desses, um amigo meu recebeu a visita inesperada de um novo-rico que queria comprar sua casa (uma casa antiga), queria o oratório, a petisqueira, alguns quadros, enfim, queria o chalé do amigo de porta fechada. Queria se apropriar de sua história. Foi convidado não educadamente a dar o fora. Apesar de viver com dificuldades esse amigo preza sua história. Não possuo um chalé como o dele e nem móveis tão bonitos. Mas sou um véio tão orgulhoso quanto ele. Não vendo minha casa velha e nem minhas coisinhas. Nenhum novo-rico tem peito de me fazer esse tipo de proposta. Juro. Inté.
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