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Crônicas
22/06/2021 - 05h49
Bolinho de feijão
Rosa Alves
 

Após um agendamento pela internet, estive há dois dias no Detran de Belo Horizonte, munida de todos os cuidados necessários desses dias atuais. Durante o pouco tempo que fiquei no corredor de entrada, observei uma mulher na calçada, suponho eu que seja quase uma septuagenária. Faziam-lhe companhia uma mesinha de madeira, duas bolsas antitérmicas, garrafas de café, copos descartáveis, potes plásticos recheados de guloseimas e o tão bem-vindo álcool em gel. Tudo impecável, desde a toalha florida que cobria a mesa às suas vestimentas. O sorriso escondido nos lábios pela máscara deu passagem ao sorriso mais bonito - o dos olhos. Vez por outra dizia: “- Olhe o café quentinho, queimadinha, bolinho de feijão!” Entre um bolinho de feijão e um cafezinho, proseava-se amavelmente com os transeuntes como velhos e bons conhecidos. Esmiuçando meus pensamentos, deduzi que as chamas de seu ganha pão acendem-se nas primeiras horas da matina, intensificando-se minha simpatia por essa brasileira invisível à maioria daqueles que se dizem representantes dessa nação.

Voltei para casa a pé e ao passar pela Praça da Liberdade, situada a poucos metros de onde eu estava, quis sentir o abraço das palmeiras imperiais, contemplar novamente os jardins, monumentos, bustos e o coreto, ah, como eu gosto dos coretos! O céu nublado não ofuscou as belíssimas curvas do Edifício Niemeyer, projetadas por esse Mestre de nossa arquitetura que nos deixou aos cento e quatro anos de idade. Diante de tantas vidas ceifadas, fiquei pensando nos valores e habilidades do ser humano no sentido mais amplo da palavra. Meus olhos encheram-se de admiração pela obra de Niemeyer e esses mesmos olhos encheram-se de encanto por aquela senhora com seu bolinho de feijão, seu cafezinho quentinho aromatizando a tão conhecida Avenida João Pinheiro, aqui em nosso cantinho mineiro.

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