Acontece que passa a ser fato, nunca mais posto em dúvida, das dinastias sem conta alojadas no cimento, na areia e nos tijolos das paredes. Onde se abrigam, além de gente perpétua, os cachorros que inexistem, seus chamegos e latidos de eras outras, em heras velhas deste sítio. Ali jazem traços de almíscar em sutiãs carcomidos e sinais da ordenha de uma certa insubstância, entornada sobre estrume de nelore por hectares de antanho. Sim, dando liga à cal, acredite-me você, há uma argamassa mais densa do que aquela que o engenheiro projetou. Reboco rijo que nada arrisca corromper. À hora cheia, o sino: blém. Lá pelas tantas, o sono vem. Esta é uma obra de ficção.
Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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