Já faz uns dois meses que meu irmão ganhou uma linda gatinha, a quem batizou com o exótico nome de Hécate (*). Embora sua mãe seja siamesa, ela nasceu cinzenta, ao contrário dos seus irmãos, que herdaram as cores do gato siamês. Como definir a cor de Hécate? Posso dizer que o cinzento do seu pelo lembra muito o das nuvens em dias nublados e também o cinza-grafite. Ela também é bastante esperta, tendo sido a primeira da ninhada a dar os primeiros passos.

Meu irmão comprou para ela todos os equipamentos necessários: brinquedos, arranhador, caixa de areia e utensílio para beber água corrente. Quando ela veio para cá, era bem miudinha mas já cresceu bastante e percebo que ficará uma gata grande e bonita, pois tem as pernas compridas e as patas largas.

Ela adora brincar e aprendeu cedo a subir em árvores. Observando-a, lembro muito de Lilica, que também era bastante esperta e foi a primeira da ninhada a andar e nos encantar com suas brincadeiras. Claro que não as estou comparando. Todo ser é único em sua essência. Também lembro que, quando Lilica morreu, eu achava que tão cedo não estaria pronta para dar amor a outro animal mas, assim que Hécate chegou, percebi que, embora eu nunca vá esquecer Lilica, sempre haverá espaço para amar outros animais. Amor é algo que nunca diminui por mais que dividamos.

A presença de Hécate em casa também me ajudou um pouco a lidar com a tristeza com a morte do meu coelho, o meu bebê amado. Ela tem preenchido o espaço vazio do meu coração e, embora eu nunca vá esquecer meu coelho, sei que posso lembrar dele com saudades, mas sem tristeza.

E assim, vejo que não há tristeza que dure eternamente. Nosso coração precisa estar aberto para as coisas bonitas que acontecem em nossas vidas.

(*) Hécate é uma deusa da mitologia grega