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SEÇÃO
Crônicas
12/07/2021 - 06h16
Forno de barro
Rosa Alves
 

Penso eu que a beleza da vida está mesmo na riqueza da simplicidade, no sentido mais sólido dessa palavra. Invadiram-me as lembranças de décadas passadas nessa manhã fria de BH e senti-me agasalhada pelo longínquo forno de barro com suas brasas de um vermelho intenso, brasas essas, sinônimas de vivacidade em tempos tão dolorosos! A fumaça se despedindo pela chaminé sinaliza para mim que tudo há de se passar, por mais penoso que possa parecer. Pedi licença a essas observações poéticas e fiz uma breve pesquisa sobre essa preciosidade que a mim muito me encanta, o forno de barro. Há relatos de que em 181 antes de Cristo, os povos começaram a construir fornos diante das necessidades básicas para a sobrevivência. Inventado pelos egípcios, ateavam-se fogo dentro do forno e grudavam-se os pãezinhos do lado de fora. Estavam assados quando os pães se desgrudavam do forno e caíam; em seguida repetia-se o processo para assar o outro lado do pão. Estima-se que o pão surgiu há mais de doze mil anos na Mesopotâmia, juntamente com o cultivo do trigo. Na antiguidade, os pães funcionavam como uma espécie de salário, pois os camponeses recebiam três pães por dia e dois cântaros de cerveja pelos serviços prestados. Aprecio esse dinamismo dos tempos e quão valorosos foram todos esses povos, sejam eles de quaisquer nacionalidades.

Quantos pães e quitandas diversas alimentaram nossas infâncias através dos fornos artesanais, quão requintados eram esses momentos de afetuosidade, cumplicidade, guardados em caixinhas peroladas e vez por outra lustradas, polidas com muito esmero. De formato cônico, teto curvilíneo, uma porta que dá passagem à lenha, combustível essencial para transformação em brasas que continuam ardendo em minha memória, fina história! Lembro-me perfeitamente que antes de colocar o alimento, recostavam-se as brasas junto às laterais, deixando livre a superfície do meio para ali se aconchegarem as mais finas iguarias. Posteriormente a esse processo, eram recebidas quentinhas pelas mãos de nossas avós, nossas mães, cenário de pura poesia!

Tornou-se o forno de barro obsoleto? Passam-se os dias, com a alta tecnologia basta girar um botão e pronto - tudo ajustado. Dizem por aí que os atuais fornos moderníssimos só não falam, uma questão de tempo, suponho eu. A tecnologia tem seu grande valor e como tem, embora o controle para manter os alimentos saborosos dependia da sabedoria, da sensibilidade de nossos antepassados, encantados, tão amados...

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