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Crônicas
19/10/2021 - 05h14
Xodó de Minas
Rosa Alves
 

Mandioca, aipim, macaxeira, uaipi, maniva, nativa em nosso país, muito apreciada pelos índios, conquistou o paladar também das pessoas escravizadas em séculos passados. Passaram a comê-la cozida e a partir daí, criaram-se novos alimentos e ingredientes, postos às mesas desse continente que é o Brasil.

Tenho na lembrança, o polvilho tão mimoso, tão delicado, espalhado no jirau de nossa casa, no interior de Minas. Há poucos dias, soube que essa preciosidade veio das senzalas e cozinhas dos casarões, pelas mãos das mulheres escravizadas à época, tão sábias e tão menos amadas, valorizadas, nos sentidos mais amplos das palavras.

Em se tratando de polvilho, há que se falar numa preciosidade saborosa aqui das Gerais. Acredita-se que sua origem é do século XVIII, na região da Serra do Espinhaço, criação genuinamente mineira. Refiro-me a um dos xodós de Minas, o nosso pão de queijo, tão reverenciado, é a nossa lua cheia contemplada. Na época citada, o trigo era trazido de Portugal, demorava-se muito para aqui ancorar-se e seu custo era elevado. O polvilho entronizado desde então, nos tem presenteado com as quitandas saborosas, seja de manhã, à tarde ou à noitinha, sempre bem-vindas em nossos lares mineiros. A campainha tocou, a visita chegou, o forno já se esquentou, entre uma prosa e outra, quando pensa que não, Sua Majestade já está a postos para ser degustada.

Infância tem cheiro, tem sabor e quão agradável era ficar ao redor de mamãe provando e modelando a massa das quitandas feitas por ela. Quando os pães e biscoitos de queijo saíam do forno de barro, eram amparados pelas peneiras de bambu, feitas por papai, ali estava o lanche do mais fino sabor. A toalha com barrado de crochê cobria a mesa, sentávamos, sorríamos reciprocamente de nossas modelagens descaracterizadas. A fumaça no bule esmaltado, as quitandas quentinhas, nos envolviam naquele convívio tão familiar, tempos em que desfrutávamos do afeto, do aconchego de nossos pais. Hoje, restam-nos as belas lembranças desses tempos de criança, regados a pão de queijo, tão gostoso como de nossos pais, um chamego, um beijo...

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