Um jovem agricultor estava limpando o mato de sua roça, para plantar feijão, quando foi mordido por uma cobra. Na época, nem se pensava no soro antiofídico, que pode neutralizar o efeito do veneno de qualquer tipo de cobra. Recorria-se a curandeiros, benzedores, garrafadas de remédios feitos de plantas, advindos da cultura indígena. Nada disso surtiu efeito e o pobre agricultor estava à beira da morte, em sua cama, quando alguém disse que o leite materno poderia ser a salvação. Sua mulher lembrou que a comadre estava de menino novo e recorreu a sua ajuda. Ela veio toda solicita, pensando em salvar o compadre. Ali mesmo no quarto começou o desmame, com o suporte de uma xícara. O enfermo, percebendo a lentidão daquele ato, propôs para a comadre: "mamando não é melhor?" - Enfurecida, a comadre tascou a xícara no chão, que se espatifou, derramando todo o leite. E, com os maiores xingamentos, as comadres se retiraram do quarto, abandonando o enfermo. Ainda no impulso da tara pela comadre, levantou-se de imediato e lambeu o leite derramado no chão. Se o leite, as garrafadas, as rezas ou as correias do curandeiro atadas no local da mordida, não se sabe o que o curou. Hoje, com 92 anos de idade, quando alguém relembra o ocorrido, ele diz: "Agora eu tenho coragem até de mamar em onça."
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