O atleta, favorito ao título do Match Race Brasil, será o primeiro brasileiro a disputar seis Olimpíadas.
| Hector Echebaster / ZDL |  | | | Velejador Torben Grael, campeão do Match Race Brasil de 2003. |
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Antes mesmo de entrar na raia montada no Centro Olímpico de Vela de Agios Kosmas, o velejador Torben Grael, campeão do Match Race Brasil de 2003 e favorito à conquista do bicampeonato da competição barco contra barco cuja primeira etapa está sendo disputada em Búzios, vai fazer história outra vez. Ele vai disputar a sexta olimpíada de sua carreira em Atenas, recorde absoluto no esporte brasileiro. Esse não será, porém, o único desafio do atleta. Ele tentará outras façanhas na capital grega: tornar-se o brasileiro com o maior número de medalhas olímpicas (hoje tem quatro assim como o nadador Gustavo Borges) e igualar-se ao lendário Adhemar Ferreira da Silva, o único bicampeão olímpico do país. Embora animado e bem preparado, Torben, que faz dupla com o proeiro Marcelo Ferreira na classe Star, não se considera favorito para lutar por uma medalha de ouro em Atenas. "Os resultados recentes indicam que o sueco Fredrik Loff é o maior candidato ao título na Grécia. Eu e o Marcelo vamos treinar bastante. Precisamos aumentar nossa velocidade para conseguirmos melhorar de rendimento", comentou o velejador de 43 anos, 21º colocado na Semana Olímpica de Spa, na Holanda, terminada no último domingo (30/05). "Temos de melhorar sempre." Campeão da Pré-Olímpica de Atenas de 2003, Torben admite que a velocidade não é determinante na raia dos Jogos de 2004. "Os ventos são muito rondados e quem souber tirar proveito da situação vai conseguir melhor resultado", analisou o brasileiro de maior prestígio na vela internacional, dono de seis títulos mundiais e o único que tem no currículo a participação em duas America’s Cup, a competição mais tradicional da vela, com mais de 150 anos de história, e em uma das pernas da regata volta ao mundo, a Volvo Ocean Race. Torben destaca que em Atenas todos os participantes terão chance de lutar por medalhas por causa do alto nível técnico da competição. "A Olimpíada reúne apenas os melhores dos melhores e, por isso, teoricamente, todos os velejadores têm força para ir bem e brigar por um lugar no pódio", disse, lembrando que o Mundial de Star reuniu 120 barcos, mais do triplo do que nos Jogos da Grécia. "A expectativa é de um grande equilíbrio." Mesmo feliz com a classificação para a sexta olimpíada, Torben não sabe avaliar agora os seus sentimentos em relação a essa façanha. "Estou mais preocupado com a disputa da Olimpíada e, principalmente, com tudo o que tenho de fazer para ir bem do que o recorde de participações", afirmou. "Mais tarde, certamente, quando pensar na minha carreira vou ter uma noção melhor de tudo isso." A experiência adquirida em 20 anos de participação olímpica, porém, será importante. "Procuro usar todos os momentos que acumulei em todo esse tempo, tanto os bons como os ruins, para melhorar. O nível olímpico é extremamente competitivo", observou. "Você tem de ter a consciência tranqüila de que tudo o que era possível foi feito. Isso não é garantia de resultado, mas de tranqüilidade." Outra mudança nestes 35 anos de esporte é o profissionalismo. "Quando comecei, a vela era um esporte amador, como muitos outros", disse. "Hoje, a vela é profissional e exige dedicação exclusiva. Você tem de viver em função do esporte." As medalhas olímpicas de Torben: Ouro Star com Marcelo Ferreira Atlanta 1996 Prata Soling com Daniel Adler e Ronaldo Senft Los Angeles 1984 Bronze Star com Nélson Falcão Seul 1988 Bronze Star com Marcelo Ferreira Sydney 2000
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