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Ano 1 - Nº 9 - Ubatuba, 14 de Junho de 1998
Contos

· Um apólogo moderno
    Ricardo Yazigi
    ryazigi@iconet.com.br

E o mouse disse ao teclado:

- É seu Teclado, você é mais velho do que eu, mas depois que eu nasci, acabei com seu brilho.

- Que nada, eu sempre vou ser mais importante que você, afinal as pessoas dependem de mim para escrever. Esse artigo não existiria sem mim - retruca o teclado com um certo ar de superioridade.

- Não sei se o senhor Teclado está informado, mas já existem os comandos de voz para auxiliar nos textos, e são acionados por mim - desbanca o mouse.

- Ora seu Mouse, como o senhor é ignorante. Escritores detestam falar. Eu sou imortal. - responde o teclado.

- Não me faça rir, seus dias estão contados. A tecnologia sempre vai proteger minha família, meus filhos já nascem sem fio e os seus continuam com sua cara, apenas estão tomando um banho de cor, alguns são rosa, outros amarelos ou multicolores - ironiza o mouse.

- Você além de pequeno só fala balela. Olhe só seu nome: ratinho. Não passa de um miserável roedor. Você é descartável. As pessoas compram um mouse como se estivessem comprando Coca-Cola. Qualquer falha sua e você vai dormir na lata de lixo. - desabafa o teclado.

- O senhor me desculpe, mas quem só fala asnice é você. Até parece que custa muito mais do que eu. Além de tudo, quando as pessoas me tocam, o fazem delicadamente e me deslizam como se eu fosse um grande bailarino e o mouse pad, o palco de um teatro. Minha fineza o incomoda, você me inveja pois você só leva porrada, principalmente quando as mãos que o tocam são as de um jogador de games. - responde o mouse.

- Ora seu filho da ...

Neste instante este que vos escreve é obrigado a parar, pois o computador travou. Tento o mouse e nada, tento um Ctrl+Alt+Del no teclado e nada. Quando tento dar um Reset pelo gabinete, ouço uma voz saindo do mesmo: "Como são arrogantes e exibidos esses periféricos. Com um pequeno pensamento travei os dois. Quem pensam que são diante de mim: sou o grande, o superior, sou um Deus diante desses imbecis. Sou eu, a CPU, que os faço funcionar. Sem mim são apenas vermes..."

Ouve-se um estalo no estabilizador e um grito vindo da cozinha: "Acabou a força, querido. Ainda bem que nosso fogão é a gás."Fim do texto.

Próxima edição da UbaWeb em 12/07/98.Fim desta Edição.

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Ano 1 - Nº 9 - Ubatuba, 14 de Junho de 1998
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