Esta não é a primeira vez e nem será a última que bato na mesma tecla: a Nação brasileira vem sendo desorganizada, com o intuito de se criar um estado de ansiedade insuportável, de forma que o "respeitável público" faça coro com a oportunista pregação de que há a imperiosa necessidade de mudanças radicais, enfim: do estabelecimento de uma nova ordem política, econômica, jurídica e social. Nesse perverso processo dissolutivo, avulta o continuado e tenaz trabalho de desagregação nacional que, desde há muito, vem sendo realizado por intermédio da ocupação dos postos-chave do Estado, da omissão de governantes, da infiltração na mídia de engajados formadores de opinião, da degradação dos costumes, do afrouxamento das leis existentes, da criação de novas normas legais permissivas, dos saques ao erário público e do desrespeito ao Estado de Direito democrático. E por último, agravando todos estes fatores de decomposição social, deparamo-nos com a crescente mentalidade condescendente, daqueles a quem cabe fazer justiça e, ao invés disto, sem qualquer resquício de pudor, fertilizam o sentimento de impunidade ao resguardarem evidentes criminosos com sofismas, algumas vezes, calcados em credo ideológico ou político-partidário e em textos legais, propositadamente elaborados para abrir caminhos à tergiversações que desviem das malhas da dura lei, quem "tem culpa no cartório", isto é, está implicado em um delito ou falta, como nos ensina o Aurélio. Nesse rol de prestadores de desserviços à Nação, seria flagrante injustiça deixarmos de incluir aqueles que, por conveniências pessoais, modismo, falta de coragem moral e fraqueza de caráter, abrem mão de tradicionais conceitos de moralidade, para seguirem a escorregadia "cartilha do politicamente correto", posando como imparciais, compreensivos, guardiões dos oprimidos pelas Forças da Ordem e obterem a credibilidade de caridosos samaritanos. Por tudo isso é que, diante de delitos escabrosos e escândalos públicos envolvendo consagrados delinqüentes, a sabedoria popular, estupefata, sem ter a quem se queixar, brada ao Céu: meu Deus! E ninguém vai preso e, se vai, a Justiça solta, por razões que somente o Diabo sabe. As considerações acima vêm a propósito do direito de mentir que, atualmente, ganha corpo nos tribunais, tornando ético e moral o deslavado e irritante cinismo de mais do que conhecidos embusteiros e meliantes. Para os "doutores", por mais que batidas razões, sempre distantes da sociedade, a mentira num depoimento não é uma questão moral. Segundo a diretora do grupo brasileiro da Associação Internacional de Direito Penal, Luciana Boiteux, na contramão dos angustiados clamores do povão, o direito de não se auto-incriminar vem da proteção contra tortura e para evitar abusos. Lamentavelmente se esquecendo de que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, conforme, certa feita, lembrou um dos "Zés" do Lula, o Genuíno, para se eximir de responsabilidades. Isto me dá saudades dos tempos antigos, quando o mentiroso era considerado como o mais desprezível dos tarados morais. Após discorrer sobre várias safadezas de um marginal, dizia-se: E, até mente! Faz-me lembrar, ainda, dos meus quase quarenta anos de lides profissionais, nos quais a mentira era a mais vil das transgressões. Sempre, severamente punida, além de "por de molho" o mentiroso, em "quarentena" - não de quarenta dias, mas de dez anos. Também recordo de uma sábia assertiva do meu pai, um experimentado delegado de polícia, com destacada atuação na Intentona Comunista de 1935. Dizia o velho policial: "Dentre aqueles, com os quais a Polícia tem que lidar, os ladrões e os comunistas são os mais difíceis de agüentar. Se a gente não tiver muito sangue frio com esses tipos, se irrita e perde a razão, principalmente com os comunistas que se prezam, pois são treinados para levar qualquer um ao desespero e desafiar à inteligência alheia". Portanto, deixo para a imaginação criadora dos meus caros leitores, a conclusão sobre o que é tratar-se com o comunista ladrão. Nota do Editor: Jorge Baptista Ribeiro, Coronel R/1 do Exército é bacharel em Ciências Sociais, pela então Universidade do Estado da Guanabara e estudioso da Guerra Revolucionária.
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